Se a música se transformou no palco mais cobiçado do momento para discutir questões de gênero com ritmo, performances surpreendentes e muito talento musical, As Bahias e a Cozinha Mineira é a mais nova revelação desse movimento. E o grupo vai além: tendo à frente duas cantoras transexuais, propõe um debate acerca da posição das mulheres – sobretudo das negras, das pobres, das indígenas e das transexuais – em nossa sociedade. Por essas e outras razões, já estava na hora de pousar em Salvador, o que acontece no próximo dia 20 de maio (sexta-feira), às 20h, no Largo Tereza Batista, Pelourinho.
É por aqui, com um show cheio de energia e com performances como há tempos não se via na MPB, que o grupo começa turnê do álbum Mulher, que chegou aos ouvidos dos fãs no último mês de novembro e teve sua primeira apresentação homônima no dia 18 de março, em São Paulo. O show em Salvador ganhou o apoio do GGB (Grupo Gay da Bahia) e vai contar com participações, como a da já confirmada cantora Larissa Luz. O burburinho já vai começar na abertura da noite, a cargo da performance de arte drag Cabaré Feshaação, com as drag queens Melanie Mason, Alehandra Dellavega e Rainha Loulou.
As releituras dos clássicos de Gal Costa, Caetano Veloso e Dorival Caymmi, o protagonismo dos figurinos, a preparação corporal, a iluminação e toda a perfeição técnica fazem do show uma experiência única, envolvendo o espectador em um ambiente cheio de personalidade. A chegada à capital baiana, pela primeira vez, inspirou uma apresentação especial, em que o grupo mescla o repertório do show Mulher com a levada dancing do espetáculo A Festa do Disco. O certo é que As Bahias, Raquel Virgínia e Assucena Assucena, têm um verdadeiro caso de amor com a cidade.
Assucena é natural de Vitória da Conquista e Raquel, paulista, morou e estudou em Salvador. “Nos conhecemos em um encontro de estudantes na USP, em São Paulo. Raquel e eu nos entendemos no primeiro instante. E muito dessa identificação devemos a nossa paixão pela cultura baiana”, conta Assucena.
“Hoje, onde eu chego, me reconhecem pelo cabelo rasta, referência a minha negritude. Estar em Salvador, como artista, e apresentar nosso show é uma consagração pessoal. É lindo iniciarmos um projeto tão importante pra gente na cidade que tanto amamos”, diz Raquel.
A relação de intimidade de As Bahias e a Cozinha Mineira com Salvador também está representada na música feita em homenagem a Mãe Menininha do Gantois. “A beco me leva, pro pouso do sem medo, belo voar, o pandeiro nesse instante, eterno carinho de música”, diz a letra da canção.
As Bahias e a Cozinha Mineira se completa com o mineiro Rafael Acerbi (arranjador e guitarrista) – responsável pela “cozinha mineira” do nome do grupo - Rob Ashtoffen (baixista) Carlos Eduardo Samuel (tecladista), Vitor Coimbra (baterista) e Danilo Moura (percussionista).
Ingressos - Após Liniker e Os Caramelows e Johny Hooker, este será o terceiro show que traz ao palco do Largo Tereza Batista o debate sobre a questão de gênero, com a assinatura das produtoras baianas Inspire Music e Ruffo. Para reverenciar o público que lotou os dois primeiros eventos, foi criado o Ingresso Especial, que será vendido automaticamente com desconto, no valor de R$ 25, pela plataforma Sympla de vendas online. Os valores formais dos ingressos para As Bahias e a Cozinha Mineira são R$ 40 e R$ 20.
Outra novidade do evento é a Meia-Social. Essa opção dá direto a comprar o ingresso por R$ 20 com entrada liberada mediante doação de 1kg de alimento não-perecível. A instituição a ser beneficiada será o Centro Baiano AntiAIDS, indicada pelo GGB.
Sobre | As Bahias e a Cozinha Mineira
As Bahias e a Cozinha Mineira lança seu primeiro disco “Mulher”, elaborado entre os anos de 2012 e 2015, pelo trio de artistas Assucena Assucena, Rafael Acerbi e Raquel Virgínia. A narratividade poética e sonora do disco são as grandes tônicas da obra – “Mulher” apresenta paisagens da tradição e da modernidade da música brasileira de forma muito original e sensível. O título do álbum enlaça e compõe a transcendência da obra.
Assucena, Rafael e Raquel, se conheceram na faculdade de História da USP no ano de 2011 – a partir de então, iniciaram uma intensa amizade em torno de ideias musicais e artísticas. O nome da formação se deve ao fato de que as duas cantoras, transexuais, coincidentemente terem o mesmo apelido, “Bahia”, e a Cozinha Mineira faz menção ao guitarrista da banda, Rafael, nascido no estado de Minas Gerais. Desde as primeiras apresentações nas festas da USP, pelos anos de 2011, o grupo ficou conhecido por um show altamente performático e lúdico. Ao longo do processo de composição a banda foi se formando, composta pelo guitarrista Rafael Acerbi, no piano e teclados Carlos Eduardo Samuel, baixo de Rob Ashtoffen, bateria de Vitor Coimbra, na percussão Danilo Moura e as intérpretes Raquel Virgínia e Assucena Assucena. A produção musical é assinada por Deivid Santos. E assim o show “Mulher” tem sido executado: o figurino, cenário e a iluminação são pensados para trazer à tona toda a expressividade que a narrativa do disco propõe.
Ouça Mulher: https://www.youtube.com/watch?v=Jv-C_rFHFOw |