O Sarau Bem Black está de volta ao Pelourinho, onde sua trajetória começou, em 2009, e onde ele marcou presença nas noites de quarta-feira, durante cinco anos e meio. Numa edição especial, na próxima quarta (20.07), o recital poético-musical acontece no Casarão do Lord, iniciando um novo momento em sua trajetória, sempre focada na literatura negra e periférica. E recebe como convidado o escritor mexicano Alexandro Reyes, um dos muitos autores que já passaram pelo evento.

Precursor da nova safra de saraus da cidade, o Sarau Bem Black tem se destacado pelo diálogo com outras expressões artísticas, como a música, dança, artes plásticas e audiovisual.  E como um ponto de encontro para escritores e outros criadores  de todo o país que enfrentam os estereótipos culturais determinados pela  moda e pelo mercado. Bom exemplo é Alejandro Reyes, autor de livros como o ensaio Vozes dos Porões (Aeroplano) e o romance A Rainha do Cine Roma (Leya), o primeiro sobre a literatura periférica-marginal do Brasil; e o segundo sobre crianças baianas em situação de rua, com as quais conviveu de perto quando morou por aqui. Desta vez, Alejandro, além de assinar e conversar sobre esses livros, que estarão à venda pelo preço de R$ 20 cada (promocional), falará também sobre o tenso momento político no México e da experiência revolucionária dos povos indígenas de seu país através do Zapatismo, que vem propondo um amplo debate sobre a centralidade das artes nos movimentos libertários.

Idealizador e apresentador do sarau, Nelson Maca reflete sobre a nova fase.  “Quando inauguramos o Sarau Bem Black, o Sankofa African Bar era dirigido pelo Dj Sankofa e Magary Lord incendiava as noites de sábado no espaço. Depois de dois anos e meio, voltamos ao nosso lar. Mesmo endereço, porém agora Casarão do Lord, com Magary à frente e Dj Sankofa africanizando a pista. Nossa demanda negro-poética inicia mais um ciclo. O sarau, para nós, é negritude viva! E é a isso que pretendemos dar prosseguimento no Casarão do Lord: literatura negra pulsando nas veias”.

Além de Nelson Maca, a linha de frente do recital é formada pelo Dj Joe, pela atriz Vera Lopes e pelas poetas adolescentes Luiza Gata e Lucinha Black Power. E contará também com a participação do artista plástico e poeta Sérgio Soares. Responsável pela costura musical entre uma performance e outra, o DJ Joe presta homenagens à musica negra mundial. Um dos momentos mais esperados pelo público é a hora do microfone aberto à platéia, quando todos estão convidados a deixar sua mensagem poética.

O Sarau Bem Black foi realizado semanalmente durante cinco anos e três meses  no Sankofa African Bar, no Pelourinho. No inicio de 2015, após o fechamento do espaço, começou a experimentar outros espaços, formatos e periodicidades, como uma temporada nas ruas do Pelourinho (Sarau Bem Black nas 7 Encruzas do Pelô) e outra no Café da Walter da Silveira, na Biblioteca dos Barris.

VISITANTES

Na sua já trajetória, o Sarau, fora os nomes locais, contou com participações especiais de escritores, poetas, músicos, dançarinos e coletivos: Allan Johnes e Pedro Bomba, de Aracaju; Cristiane Sobral, Ellen Oléria, GOG e Rapadura, de Brasília; Lamar, de São Luís; Abel Cavaco, Adriana Facina, Aninha Catão, Chacal, Cizinho Afreeka, Conceição Evaristo, Fábio Simões, Marechal, Mc Liano, Mc Mano Teko, Mc Pingo do Rap, Mc’s Junior e Leonardo, Negros e Negras em Movimento e Papo Reto, do Rio de Janeiro; Koya Raggamano e Vladimir Rodrigues, de Porto Alegre; Akins kintê, Allan da Rosa, Ba Kimbuta, Banda Veja Luz, Berimba de Jesus, Cuti, Dj Erry G., Dexter, Elizandra Souza, Jairo Periafricania, Kamal, Marcelino Freire, Mel Duarte, Michel Yakini, Ni Brisante, Poetas Ambulantes, Priscila Preta, Raquel Almeida, Rodrigo Ciríaco, Sarau da Brasa, Sarau Elo da Corrente, Sarau Mesquiteiros, Sérgio Vaz, Wagner Souza e Zinho Trindade, de São Paulo.