O show da Tropos configura como um grande ensaio aberto para a Muriquins, que está voltando aos palcos em 2017, após o grande show Africanidades Livres em maio de 2016, no palco do Teatro Isba, sob a direção artística e produção de Maria Prado de Oliveira. De novo, além do nome - antes, a formação era apresentada como Vérciah e Muriquins -, a banda traz maior número de canções autorais, mostrando o que os Muriquins têm a dizer sobre racismo, gênero, religiosidade afrobrasileira e ancestralidade, dentre outros assuntos. 

 Em meio a interpretações de clássicos como Brilho de Beleza (Nego Tenga) - que carrega um arranjo ousado, em meio às citações de War (Bob Marley) e A Carne (Marcelo Yuca/Seu Jorge/Wilson Capellette), a banda apresenta temas autorais, tais como É Noiz e Direito ao Respeito, que tem garantido momentos de êxtase e reflexão, fazendo o público se envolver com o groove da Muriquins, gerando pontos do show em que banda e público fundem-se num corpo único.

A musicalidade da Muriquins pode ser incluída no rol do que chamam de Música Preta Brasileira, mas com particularidades que só a baianidade permite. Quem quiser curtir um som que agregue reflexão, conceito e muito balanço, Muriquins tem de sobra. E o melhor: num sotaque que é, ao mesmo tempo, local e universal.