A arte da cantoria entrelaçada com a beleza da narração de histórias tecem o fio condutor do espetáculo “O Velho Homem Rio”, que estreia no dia 4 de maio, às 20h30, em apresentação única no Teatro Jorge Amado, em Salvador. O cantador, multi-instrumentista e compositor Celo Costa inspirou-se na riqueza de significados e simbolismos do sertão para criar o show, que tem direção artística de Jackson Costa e direção musical de André Tiganá. Entre palavras e sons, o público será convidado a mergulhar no conto “A terceira margem do rio”, do escritor Guimarães Rosa, e a navegar por composições inspiradas no imaginário atemporal do sertão.
No palco, canções de Elomar, Dominguinhos, Chico Buarque e Mauro Aguiar dialogam com o repertório autoral de Celo Costa. “Esse projeto traz uma singularidade bem especial, porque vamos contar uma história no meio de um show musical, sob o olhar de um contador de histórias. Então, no palco, serei um cantador, tocador de viola e também um contador dessa história tão profunda, que é ‘A terceira margem do rio’”, afirma Celo Costa. O público irá mergulhar nesse rio de palavras conduzido por instrumentos característicos da música nordestina. Sanfona e viola dialogam com o piano e a percussão em um ambiente de sonoridade acústica.
“Será uma rara oportunidade do público se deleitar com a beleza da prosa poética de Guimarães Rosa, na voz de um cantador que ousa se aventurar com a palavra falada, assim como a personagem do conto em busca do desconhecido, em busca da terceira margem”, afirma o ator Jackson Costa, que assina a direção artística do espetáculo. Ele explica que o grande desafio do projeto é fazer o público se conectar, por alguns minutos, com o silêncio profundo da poesia. “Desligar o celular para se ligar em Celo Costa, que nos desafia a mergulhar nas águas profundas e poéticas desse Velho Homem Rio. Esse é o nosso maior desafio”.
O imaginário dos sertões transita entre os muitos simbolismos evocados pela palavra e pela música.
“O sertão de Elomar é seco, com pouca água, com o bode. Ele tem uma paisagem, uma fauna, aquela coisa de chuva rara, o sofrimento do nordestino, alimentação escassa, a carne seca. Mas ele traz também alguns elementos que estão no conto, como a solidão, o isolamento, a saudade e, de certa forma, traz também o abandono, presente em ‘A Terceira Margem do Rio’”. Já Guimarães Rosa, descreve Celo, traz um sertão colorido, de muita vida, com água abundante. “Já é um outro sertão. Tanto que a história se passa na beira de um rio, não tem tanta miséria, embora compartilhe ainda elementos em comum como o abandono e a solidão. Então são dois sertões presentes aí”, explica o artista.
Entre esses imaginários de sertão, tecidos entre a música e a literatura, o espectador pode encontrar seus próprios sentidos e significados. “O Sertão que habita em cada um de nós, como nos revela o genial Guimarães Rosa. É a busca da compreensão da vida, é a caminhada para dentro de si mesmo para encontrar Deus”, define Jackson Costa.
Nascido na cidade de Santa Maria da Vitória, localizada no oeste da Bahia e banhada pelo Rio Corrente, Celo Costa encontrou também nas memórias da infância a relação com a arte que apresentará no espetáculo. “Eu me criei na beira de um rio. E o narrador do conto é o filho que fica. É a história de um pai que manda fazer uma canoa para si e passa a viver no meio do rio. Mas quem conta essa história é o filho. Eu me identifico com essa história porque eu fui criança também dentro de uma família, e os meus pais se separaram. Eu vi o meu pai, falando de uma maneira metafórica, mandar fazer pra si uma canoa e viver no meio desse rio. É uma memória forte que eu tenho”, conta. Algumas músicas autorais, inclusive, foram compostas no período em que Celo vivia às margens do Rio Corrente.
Além do baixista e arranjador André Tiganá, responsável pela direção musical do espetáculo, o show irá contar com os músicos Gabi Guedes e Crezus Rodrigues, na percussão, e Dinho Barral, no baixo. O figurino é de Zuarte Júnior e a iluminação, de Luciano Reis. O cenário é assinado pela Mimo Arquitetura e Design, comandada pela arquiteta Fátima Falcon e pela designer de interiores e idealizadora criativa Nyala Cardoso, com uma proposta conceitual de aliar decoração e sustentabilidade.
***
FICHA TÉCNICA:
Voz e contação de histórias: Celo Costa
Direção artística: Jackson Costa
Direção musical: André Tiganá
Produção: Yolanda Nogueira
Percussão: Crezus Rodrigues
Piano e Acordeon: Thiago Mendes
Baixo: André Tiganá
Figurino: Zuarte Júnior
Iluminação: Luciano Reis
Cenário: Mimo Arquitetura e Design I Fátima Falcon e Nyala Cardoso
Assessoria de Imprensa: Frente & Verso Comunicação Integrada I Adriana Jacob |