Da tradição da canção brasileira, o cantor e compositor Ian Lasserre tira a inspiração para construir Sonoridade Pólvora, seu álbum de estreia.

Com sons marcadamente acústicos e um formato orgânico, Ian Lasserre apresenta sua visão de mundo nas oito canções autorais que formam o álbum. A quantidade reduzida de instrumentos e a gravação ao vivo colocam em primeiro plano o trabalho do músico com o seu instrumento (violão), com a sua voz e com a banda que o acompanha. Há em Sonoridade Pólvora uma postura reflexiva e uma atmosfera acolhedora, baseada em referências brasileiras e baianas mescladas, ao mesmo tempo, com elementos globais.

Maré foi o primeiro single do álbum, lançado no início de setembro, e também a primeira música composta para o disco. Ela sintetiza a proposta: poucos instrumentos, trabalho em conjunto em prol da canção, espaços para improvisos e uma jornada que cria dificuldades, angústias e mostra possibilidades de transcender e se superar. “Eu vejo esse álbum como uma narrativa com início meio e fim. Eu considerava que ele precisava cumprir essa função, mas não necessariamente de forma evidente. Como estamos falando de música letrada, não é só a poesia, mas também de melodia e harmonia. Tudo isso compondo uma história”, afirma Ian Lasserre.

É na valorização do trabalho em conjunto e nos sons produzidos a partir das vozes e de instrumentos predominantemente acústicos que a identidade do disco aparece. A combinação incomum de baixo, atabaque, guitarra, voz e violão criam o chão pelo qual perpassa a jornada de um herói sem nome e sem rosto criado por Ian Lasserre. Jornada essa que é pontuada por sonoridades e texturas pouco exploradas no ambiente da canção brasileira como a do clarone, flauta baixo e um violino com referências árabes. É o resultado da busca de Ian, que começou com o EP Ideias e Pedaços, lançado em 2012, por uma sonoridade que ele batiza de pólvora.

“Sabistian Notini e eu iniciamos uma parceria após um show em 2014 e desde então trabalhamos juntos para construção dessa sonoridade minimalista. Ele apontava caminhos, mas também dava liberdade para os músicos construírem seus próprios caminhos com seus instrumentos dentro daquele universo que a canção e o disco propunham. Ele foi essencial como produtor e percussionista e teve a sensibilidade na condução do processo. Essa direção dele foi fundamental para chegar no clima orgânico que Sonoridade Pólvora tem”, conta o cantor e compositor.

Todas essas escolhas buscam colocar em destaque a capacidade humana de criar – e de criar coletivamente. É essa a tônica da carreira que Ian Lasserre constrói no cenário musical de Salvador. Ele fez parte do coletivo de compositores MANONTROPO, que esteve ativo entre 2009 e 2012. Participaram desse coletivos nomes como Filipe Lorenzo, Danilo Fonseca,Giovani Cidreira, Thiago Lobão, Davi Comodo, entre outros.

Contudo, a parceria entre os membros não cessou. Ian, por exemplo, participa do álbum Odisseia Baiana, que Lorenzo lançou em 2017, com quatro composições, além de cantar em uma das canções. O próprio Sonoridade Pólvora traz parcerias de Ian com membros do Manontropo, como Thiago Lobão. Além dele, há composições com Gabriel Rosário e Ana Luisa Barral.