Adriana Calcanhotto da Cunha é uma artista que se tornou referência no Brasil – entre outras razões – pela obra sofisticada e repleta de elementos narrativos que tratam tanto da ternura, quanto das angústias de/para ser e existir.

Carlos Barros é um intérprete em constante busca de narrativas que possam ser identificadas com sua percepção de mundo e vontade de afirmar poéticas (em música, verso e prosa) afinadas com a canção enquanto forma privilegiada de afirmação no mundo.

Ensaio de Amor é uma proposta de encontro entre o intérprete e as canções de Adriana Calcanhotto, um momento de imersão numa obra que – escrita e interpretada pela própria compositora/cantora e outros tantos artistas – agora ganha expressão na voz do cantor baiano, prestes a completar 25 anos de caminhada na música popular.

O repertório do show traz peças da gaúcha, entre algumas mais conhecidas e outras pertencentes ao universo mais recôndito de sua obra. Há Senhas, que dá nome ao seu segundo álbum, de 1992 e também Calor, canção de 2004, garimpada do álbum Cantada. No roteiro, também composições de outros autores, gravadas por Adriana e que ajudam a emoldurar o campo estético da obra da artista, além de algumas peças que – não gravadas por ela – trazem elos que vinculam sua presença a eixos significativos da história recente da música no Brasil.

O show Ensaio de Amor é um primeiro momento de mergulho de Carlos Barros numa obra que será registrada em álbum (o terceiro do artista) a ser brevemente gravado.
No palco ao violão e na Direção Musical do show, o cantor/compositor e músico Harlei Eduardo, parceiro do cantor há vinte e cinco anos. Os músicos Gabriel Barros (guitarras e efeitos) e Nelson Pena (percuteria) são convidados para momentos específicos do show.

Há que se perguntar o que pode haver de realmente “novo” em um cantor registrar sua percepção da obra de uma cantora/compositora contemporânea e tão atuante. A resposta (se possível for) está – talvez – na própria ideia de percepção. Qualquer estrada está lá, firme e objetiva. De qual perspectiva a miramos, faz toda diferença para a trilharmos. Nesse momento, Carlos Barros trilha um caminho que alguns já caminharam, mas ninguém com os seus olhos comuns/singulares.