O disco é um mergulho na essência do samba, desde a origem do gênero, nos canaviais plantados na borda da Baía de Todos-os-Santos, até as modernas formas cultivadas sobretudo no Rio de Janeiro.
Na nova obra, Beto abandona – momentaneamente, conforme ele mesmo garante – os xotes, baiões e outros gêneros tipicamente nordestinos que marcaram seus discos anteriores, para se dedicar integralmente ao samba, inclusive homenageando em dois deles, dois dos mais geniais criadores do gênero: o baiano Dorival Caymmi e o carioca Angenor de Oliveira, o Cartola.
O disco traz onze sambas compostos por Beto e um tema instrumental, Caldeirão sem tampa, em parceria com Kito Matos. Uma das faixas, Quina do Rodapé, ganhou o prêmio de melhor música com letra do XI Festival de Música da Rádio Educadora da Bahia e foi gravado com a participação do cantor Mateus Aleluia – outra faixa, Saudade, tem participação do cantor Jota Veloso.
Gravado nos últimos três anos, com recursos do próprio Beto, Samba da Gamboa foi finalizado (vocal, voz definitiva, edição, mixagem, masterização, capa e prensagem) com o apoio do Fundo de Cultura do Estado da Bahia.
O fato de privilegiar o samba no novo disco, contudo, não significa um distanciamento de suas raízes de músico e compositor baiano, diz Beto. Afinal, como ele mesmo lembra, o samba é, desde sempre, um produto de exportação da Bahia: nasceu nos canaviais do Recôncavo e foi levado para o Rio de Janeiro na virada do século XIX para o século XX, quando várias “tias” baianas migraram para a então capital do país, onde se consolidou como o mais brasileiro dos gêneros musicais.
Beto Pitombo iniciou a carreia musical nos anos 1960 formando, ao lado de Pepeu Gomes e Jorginho Gomes, o conjunto musical “Os Laifs”. Mais tarde, atuou na banda “Os Trogloditas” de Feira de Santana.
A partir dos anos 1970 iniciou carreira solo compondo, participando de festivais, tocando em shows por todo o Estado da Bahia e gravando discos independentes. Subida da Gamboa é o seu quinto disco. Antes, gravou Prata da Casa (de 1983, com participação especial de Sivuca e arranjo de João Donato), Beco do Mocó (de 1986, com participação de Sivuca e Carlinhos Brown), Pra ver Clarear (1990) ed Estrada Velha (2004). |