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Fazer o dever de casa para encher as ruas por Ernesto Marques
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Sex, 10 de Abril de 2015 09:40

Ernesto_Marques_n2O jornalista Mário Magalhães, em sua extraordinária biografia do guerrilheiro que incendiou o mundo, descreve o abalo dos comunistas brasileiros, quando dirigentes de partidos comunistas mundo afora tomaram conhecimento do “discurso secreto”de Nikita Khrushchov, no XX Congresso do PC da União Soviética.

A revelação das atrocidades de Stálin, em 1956, deixou os comunistas sem chão. Marighella, era então um experimentado dirigente do PCB, com sólida formação política, mas desmoronou e teve de recorrer a um tratamento psiquiátrico para não fugir rumo às montanhas. Mal comparando, dirigentes e lideranças do PT e do governo Dilma ainda vivem o choque pós-traumático das más notícias iniciadas com a composição do ministério, e nem correram para algum consultório... 
Quase dois anos depois das memoráveis jornadas de junho, a esquerda tradicional - em boa parte já nem tão de esquerda assim -, ainda não se fez capaz de construir uma resposta política à altura da oposição partidária e da oposição “parapartidária”, que se articulam hoje como nunca antes, na história deste País.

Como se narcotizadas pela falta do gás lacrimogêneo que não lhes ardera as mucosas daquela vez, a esquerda e a dita esquerda, finalmente dão os primeiros e ainda incipientes sinais de saída do estado de choque. A dificuldade real de mobilização não se explica pela conjuntura adversa que se agravam desde o segundo turno. As explicações são muitas e vêm de antes de 2013 e, mesmo sendo necessário compreendê-las, isso leva um tempo que já não se tem.

E não bastará simplesmente encher as ruas, se quem se dispuser a caminhar em defesa da democracia, da Petrobras, da reforma política e por mais direitos, não souber o que significa esta pauta. É condição fundamental para compreender como é possível apoiar e pressionar o governo, ao mesmo tempo. A defesa do legado dos governos Lula e Dilma, se limitada à catilinária da campanha eleitoral (22 milhões de empregos, 1,6 milões de moradias, 7 milhões de vagas no ensino superior, etc, etc, etc…), nivela-se à defesa que o fundador da Folha de São Paulo, Octávio Frias, fez, do governo do ditador Médici (Banditismo, editorial da FSP, 22.09.1971): “...é um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular. Está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social - realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar e que o mundo todo reconhece e proclama”.

As ruas não se encherão como num passe de mágica, menos ainda com algum insight de algum marqueteiro brilhante. A tal reaproximação com os movimentos sociais não pode ser episódica e oportuna/oportunista, nos momentos de crise política. Não parece sedutora, a simples promessa de felicidade eterna após o ajuste. Isso é muito pouco para trazer de volta às ruas, a turma que fez a diferença no segundo turno, e que pode fazer mais pelo governo, pelo PT e pela esquerda, do que o S. Frias fez por Médici.

Sob governos petistas, a procura por mão de obra evoluiu a ponto de o Brasil chegar ao pleno emprego, enquanto a massa salarial aumentou como nunca. Mas os sindicatos e centrais não se fortaleceram política e estruturalmente. Não apenas se construiu mais moradias do que em qualquer outro período, mas inaugurou-se um novo conceito de política habitacional, considerando todas as necessidades de uma família, para além de teto, piso e parede. Os pequenos empreendedores que mal acessavam o sistema financeiro, passaram a contar com o BNDES. Se não topa devolver à cartola de Levy, os gremlins que ele soltou como se fossem inocentes coelhinhos, seria de bom tom admitir rever restrições aos programas sociais, não falar mais em abertura do capital da Caixa Econômica Federal, nem tampouco na transmutação do BNDES em banco de investimento. Para estancar a sangria causada pelos golpes da oposição e do PIG e, efetivamente, governar até 2018 em condições de eleger o sucessor, o governo tem que fazer o seu dever de casa, segundo a cartilha do mesmo campo que somente rosnou em 2005, para dissuadir os golpistas de sempre, quando falaram em impeachment de Lula.

A mobilização para defender o governo é a mesma necessária para cobrar-lhe com a dureza que se fizer necessária, mas com ternura. Recuperar a condição política e a iniciativa necessárias à emergência da conjuntura complexa de hoje, exige dos próprios movimentos, um retorno às suas bases e às pautas que os justificam: as campanhas salarias, as lutas por terra, trabalho, moradia, saneamento, educação, segurança…
Se querem mesmo encher as ruas, governos, partidos e movimentos sociais precisam retomar as lições de casa.

Publicado originalmente em https://www.facebook.com/trabalhadorDAnoticia/posts/1383181592007404:0

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