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Epifanias adotivas e o temor das adoções por casais homossexuais na Itália Por Cintia Liana Reis de Silva
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Ter, 23 de Fevereiro de 2016 13:44

Cintia-LianaNesse período muito se fala na Itália sobre o casamento homossexual e se debate sobre as possíveis implicações que as uniões civis podem criar no nosso tecido social, em particular sobre a possibilidade de adotar e por isso senti a necessidade de contribuir através desta reflexão.
Trabalho com adoção e avaliação psicológica há mais de 14 anos; um dos meus livros publicados no Brasil em 2011 fala dos aspectos psicológicos da construção da família através da adoção; escrevi dezenas de textos publicados sobre adoção e psicologia de família, sou uma pesquisadora; me tornei um dos quatro psicólogos mais conhecidos no Brasil experts em adoção; chamada carinhosamente de "Fada da adoção" pela mídia e pelos pais; moro na Itália por amor e não por necessidade e vim também a convite de trabalho, para ajudar casais italianos a adotarem crianças brasileiras, pela minha credibilidade e respeito, que muito orgulhosamente conquistei, e pelo trabalho que realizo com compromisso com a causa das crianças sem família.

Neste momento, em que se discute na Itália o matrimônio gay, diante do grande temor da possibilidade da adoção de crianças por casais homossexuais, quero dizer que sou contra a ignorância e a obtusidade. O conhecimento e o amor podem salvar o mundo. Conheci por razões profissionais e tenho amigos com famílias compostas de dois pais e duas mães, feitas de amor, respeito e muita dignidade. Se descobrir gay não é um problema, mas ninguém se torna gay ou é infeliz porque tem pais adotivos homossexuais.

É contraditório quando certas pessoas que vivem em um país onde o aborto é legalizado (com algumas restrições), hipotetizam as mais assustadoras fantasias sobre a adoção por casais do mesmo sexo, sem conhecer ninguém que vive esta realidade. Essas pessoas demonstram não ter nenhum pudor, como se estivessem realmente preocupadas com as crianças sem família, mas nunca fizeram uma visita a um abrigo ou a uma casa lar para dar atenção ou apoio emocional às crianças que lá vivem.

Existem tantas famílias de pais heterossexuais que vivem em verdadeiras "guerras familiares", feitas de traições, mentiras e segredos, com pais fracos ou autoritários, desonestos, invasivos, super protetores, desrespeitosos, com valores éticos equivocados, que criam "monstros", filhos desequilibrados, depressivos, infelizes, que têm um péssimo relacionamento consigo mesmos e com os outros, que colocam no mundo outros filhos ainda mais infelizes, e se permitem de expressar pensamentos plenos de preconceito, sem jamais terem lido nada a respeito, sem informações de fontes científicas e objetivas, falando dos homossexuais como se não fossem humanos, como se a homossexualidade fosse uma doença. Essas pessoas não querem crescer, mudar, ao invés disso se reconhecer nas crenças religiosas, familiares e mediáticas mais egoístas. Famílias compostas de pessoas que acreditam que procurar um psicólogo não é uma necessidade inteligente para conhecer a si mesmo e melhorar o relacionamento com a própria vida e com o mundo, mas como uma última escolha, ou até mesmo uma alternativa para os ditos "loucos".
Antes as mulheres não podiam votar e agora que podem ser até presidentes de um Estado, algumas ousam a ser contra a adoção por casais do mesmo sexo. A sociedade deve amadurecer e evoluir apenas para alguns ou para todos os cidadãos ?

É importante frisar que muitos casais demoram para adotar não só porque há muita burocracia na Itália, mas também porque a maioria quer bebês recém-nascidos e são muito poucos os bebês disponíveis para a adoção, no entanto existem crianças mais velhas, que só desejam amor, pais ou mães, segurança emocional e educação, independentemente da orientação sexual dos que a adotarão.

Eu tenho uma responsabilidade, sou uma formadora de opinião e não posso ser uma falsa moralista, medíocre e hipócrita, sou uma militante, uma ativista e lamento constatar que estamos na "pré- história" da mente humana, como disse Edgar Morin. Não quero ser uma vítima da história, eu quero participar da história, e você? Seja feliz e deixe os outros serem também. Não precisamos ser homossexuais, negros, pobres, estrangeiros e crianças para lutar a favor dos direitos deles, basta sermos humanos e termos uma atitude adotiva, ou seja, um coração que adota.

Cintia Liana Reis de Silva é uma psicóloga e psicoterapeuta brasileira, é mãe e casada com um psicólogo italiano. Vive e trabalha na Itália desde 2010. O seu blog www.psicologiaeadocao.blogspot.com recebe mais de 20.000 acessos ao mês.

Foto de Cintia Liana Reis de Silva.

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