Temer o “habilidoso” Por Ranieri Muricy Barreto |
Sáb, 25 de Junho de 2016 19:13 |
Michel Temer investiu na construção de imagem de homem habilidoso, constitucionalista, que pratica a boa política. Tais características lhe rendeu, por anos, o comando do PMDB, um partido difícil de definir e que habita sub-repticiamente a antessala do poder central desde o fim da ditadura civil-militar. Na condução do golpe, esta imagem ganhou contornos midiáticos espetaculares visando credenciá-lo à sucessão do cargo presidencial. Sorrateiramente vazou cartas, recados, conversas virtuais via WatsApp, fez pose de comprometido, articulou às escondidas, dentre outras artimanhas. Tais comportamentos traduzem um temperamento ladino, malicioso transformando seu currículo, em uma “folha corrida” de atentados contra a constituição e a democracia. Ao nomear, como ele, uma série de políticos fichas sujas para auxiliá-lo, Temer revelou a sua incapacidade de sustentar a imagem midiática forçosamente construída. Cede, sem compromisso com os problemas do país e sem o menor constrangimento, às pautas neoliberais e age como refém da velha política de arrocho em que o progresso social é medido pela maior distância entre ricos e pobres. Em um mês, diversas conquistas sociais foram colocadas sob ameaças com o fim de ministérios, suspensão de atos administrativos, demissões entre outras. Merece atenção, ainda, o fato de investir para silenciar a Lava Jato, onde ele é apontado em esquemas de corrupção. O dito “habilidoso” não reúne as condições para unificar o Brasil. Com as forças do atraso (Cunha, Bolsonaro, Feliciano), inaugura uma onda de repressão às liberdades e direitos conquistados pela sociedade. Sua agenda política antipopular foca na retirada de direitos civis e sociais, garantidos nos últimos 13 anos, e ao entreguismo do país ao capital externo. São tempos difíceis em que todas as formas de expressão conquistadas nos últimos anos estão ameaçadas pela crença de que os valores humanos e espirituais estão dentro do Estado. O leitor mais atento sabe que o nome disso é fascismo e fascistas não passarão. Ranieri Muricy Barreto é Economia e professor da Ucsal |
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