Foi alí, bem alí na margem direita do Rio São Francisco, zona urbana de Juazeiro e no Centro de Cultura João Gilberto que pelas mãos abençoadas e profissionais de Targino Gondim e Celso de Carvalho que vivemos em 5 dias o IV FESTIVAL INTERNACIONAL DA SANFONA. Reunidos mais de 200 sanfoneiros de todo canto e lugar, juntaram-se os argentinos Vanina Tagini e Gabriel Merino, o americano Muri Sanders, o nosso querido gaúcho Renato Borghetti tocando em sua gaita o forró daqui e o forró da bacia platina. Apresentações do maravilhoso Quinteto Sanfônico da Bahia.

Dentro do Centro Cultural aulas de técnicas de tocar sanfona, oficina de reparo do instrumento.
Para tudo, acaba de chegar, de surpresa, o Mestre Oswaldinho do Acordeon. Mesmo debilitado, muito doente, ele reuniu forças para ir prestigiar o Festival do seu Instrumento amado.

Lá sei eu. O certo é que essa gente carrega junto ao peito um instrumento pesado e que durante a vida maltrata muito o homem sanfoneiro. Hoje ela está mais leve. Antes chegava a pesar 26 kg. E o sanfoneiro tocava 6 a 7 horas, em pé, sem parar. Daí a escreverem: "Ah! a sanfona! O que é que esse instrumento guarda em si que tanto encanta e transforma??" E tem mais frases soltas em impressos correndo o ambiente do Festival: "A sanfona é aquela amiga que se aconchega no peito do seu intérprete e sensibiliza a todos que veem e escutam o dedilhar suave e forte emitindo seu som mágico e soberano"

Por tudo isso é que o velho e saudoso Luis Gonzaga, despedindo-se do povo e do seu País escreveu e cantou: "Minha sanfona, minha voz o meu baião/ este meu chapéu de couro e também o meu gibão/ vou juntar tudo e dar de presente ao Museu/ É a hora do adeus de Luis, Rei do Baião".

Eu fui lá. Tive a coragem de enfrentar 500 quulometros de ida e 500 quilometros de volta para viver e me lembrar que o Brasil ainda está vivo culturalmente.
"Cultura é o que o povo inventa e as autoridades atrapalham"!!

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