Pegamos o Metrô e fizemos baldeação na Central, tomando um expresso para Santa Cruz. Depois de passar por boa parte dos subúrbios cariocas, com direito a Madureira, pujante centro comercial, saltamos em Magalhães Bastos e andamos uns cinco quilômetros por dentro da Vila Militar, até adentrarmos o Parque Olímpico de Deodoro. Parei para praticar um pouco de badminton com meu filho, e descobri que acertar aquela mini peteca com a aquela raquete reduzida é difícil pra ca$%$#@*lho. Fomos, então, para a arena do rugby. A ideia foi aproveitar as Olimpíadas para assistir a esses esportes exóticos. O primeiro foi o futebol feminino, no Engenhão – o Estádio Olímpico, do Glorioso Botafogo de Futebol e Regatas, que emprestou seu estádio para o Rio poder fazer as Olimpíadas.

Demos sorte, porque assistimos à estreia do Brasil, que meteu um 3 a 0 na China. Depois fomos conhecer o hóquei sobre grama (Feminino), no airoso Parque Olímpico de Deodoro – junto com o Rugby e outros esportes do gênero. Vimos um show da Austrália, que goleou a Espanha por 5 a 0. Antes a Nova Zelândia tinha vencido a Coreia do Sul por 4 a 1.

Voltemos, porém, ao Rugby (esse, masculino), nossa terceira aventura Olímpica. Um sol de rachar, um calor de fazer inveja ao pessoal de Bangu. Mas encaramos – com muito protetor solar e suor. Descobrimos que seriam seis jogos, o que assustou com aquela lua escaldante, mas descobrimos que a partida é rápida, dois tempos de sete minutos. Aí gostamos, ligeiro e dinâmico. Tanto que o primeiro jogo já estava acabando, e a França meteu um 31 a 14 na Austrália, o que parece que foi um resultado surpreendente, porque o pessoal da Oceania é bom de rugby, tanto que a Austrália já faturou a medalha de ouro no rugby feminino.

Mas, primeiramente, Fora Temer! Um companheiro levantou um cartaz com essa palavra de ordem que mobiliza hoje o país, e nós puxamos logo o coro: Fora Temer! Fora Temer! Fora Temer! Uma coxinha começou a gritar Fora Dilma, mas ficou isolada. Os coxinhas estão quietos, porque estão satisfeitos. Uma quadrilha está no poder, mas eles não estão nem aí pra esse negócio de corrupção.

O importante é que a tentativa do Lulopetismo implantar uma ditadura comunista, proletária e bolivariana no Brasil foi abortada por um movimento parlamentar liberal-democrático (leia-se, 370 deputados picaretas, a maioria do funesto Centrão). Mas os coxinhas estão agora tranquilos, porque a bandeira do Brasil, continuará verde e amarela, não será nunca vermelha. Esses coxinhas são muito sensíveis com esse negócio de cor, principalmente quando é a cor da pele das pessoas.

Logo depois de nosso protesto pacífico, apareceu um soldado da Guarda Nacional que ficou vistoriando a arquibancada. Nosso companheiro já tinha guardado o cartaz, e o nosso protesto já havia acabado. Apesar da justiça ter liberado as manifestações políticas nas Olimpíadas, o soldado apareceu ali para nos lembrar que, enquanto este governo golpista estiver no poder, as liberdades democráticas no Brasil estarão ameaçadas. Mas, voltando ao rugby. O Japão surpreendeu e venceu a Nova Zelândia. Destaque foi Jaspion. Um japonês baixinho que, a cada arrancada, a galera gritava: Vai, Jaspion! Vai, Jaspion! Olimpíada, só no Brasil.

Destaque também para um negão fortíssimo no time do Japão, mostrando que a globalização veio pra ficar. Depois o Quênia enfrentaria a Inglaterra. A galera solidária e anti-imperialista começou logo a gritar: Olê, olê, olê, olá! Quênia! Quênia! Mas os quenianos se intimidaram e respeitaram demais seus ex-colonizadores e perderam o jogo, apesar de serem uma das esperanças do rugby. Em seguida, o grande match! A Argentina enfrentava os EUA. Diante do imperialismo Ianque, esquecemos a velha rivalidade e nos juntamos à torcida dos Hermanos.

Aproveitando o ensejo, gritamos também: Fuera Macri! Fuera Macri! Fuera Macri! Os hermanos pareceram não compreender muito bem, mas deram aquele sorriso de quem não entendeu a piada. E a partida começou! Os Hermanos meteram logo 12 a 0. Mas o juiz, provavelmente comprado, roubou descaradamente a Argentina, dando um try, quando o jogador americano colocou a bola meio metro antes da área do try. O try é o gol em rugby, equivale ao touchdown no futebol americano. O try ocorre quando o jogador carrega a bola até a área do fundo do campo do adversário e bate com a bola no chão, vale 5 pontos e ainda dá direito a um chute de bonificação, que vale 2 pontos, quando o jogador acerta um chute entre duas traves invertidas, de pernas pro ar. Pois bem, com o try roubado, o placar ficou 12 a 7. A torcida vaiou em peso.

Uns hermanos mais exaltados começaram a cantar um tango pra mãe do juiz. A torcida ianque começou a gritar iú-és-ei! iú-és-ei! iú-és-ei! Um torcedor da galera respondeu: You é gay! Nós caímos na gargalhada, mas, para não alimentar a homofobia e politizar nosso protesto, começamos a gritar Get out Trump! Get out Trump! Get out Trump! Entretanto, o time da Argentina se abalou com o try roubado, e o time americano marcou mais um. 14 a 12 para o imperialismo, faltando menos de um minuto. Mas, quando tudo parecia perdido, os valorosos hermanos foram lá e marcaram um decisivo try, quando o cronômetro marcava 0:00. Argentina 19, USA 14! Uma vitória histórica do movimento popular contra o Imperialismo.

O que foram as Malvinas diante dessa magnifica vitória? Finalmente, o grande jogo da jornada. O Brasil enfrentava uma grande potencial mundial: as Ilhas Fiji! A seleção canarinho jogava de verde, o que me levou a pensar em escrete papagaio, mas não vi graça na piada, e até achei o uniforme verde bem simpático. Precisamos de esperança! E fizemos logo um try, 5 a 0, porque não aproveitamos o chute pra chegar a 7 a 0. Pensei que ia ser um passeio. Mas quem deu um baile foi a equipe de Fiji, que chegou até os 40 a 5. Um rapaz que estava por perto disse que realmente as Ilhas Fiji são umas das forças do rugby, o que torna esse esporte realmente exótico, no nosso ranking de exotismo. No final, ainda fizemos outro try, placar final: 40 a 10.

O rapaz que parecia entender de rugby, disse que fazer dois trys contra Ilhas Fiji era muito bom. Bem, comparado com o futebol masculino, está excelente! Depois dessa longa jornada, cozinhando debaixo de um sol escaldante, saímos todos alegres e satisfeitos, sem vencedores, nem derrotados, todos celebrando a magia do esporte, e tentando esquecer o terrível golpe que assola o país. Olimpíadas, só no Rio!

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