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Despedida & Encontros. Por Franciel Cruz
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Qua, 07 de Setembro de 2016 14:00

Franciel_CruzSim, minha comadre, sei que o momento exige somente atitudes & textos heroicos, políticos e historicamente engajados. Tenho consciência, minha cara e nobre guerrilheira virtual, de que fugir deste escopo, neste grave momento da nação, é covardia.

Porém, mesmo que me acusem de tergiversador, mais do que já mereço, tratarei aqui basicamente de confissões. Pueris e inconsequentes confissões que não se encaixam muito bem neste tipo de narrativa grandiloquente. Faço isso obedecendo ao anjo torto que, em priscas eras, decretou que eu estava predestinado a pecar. Então, indo contra a correnteza de falar e realizar somente boas ações, é provável que, uma vez mais, não consiga inscrever meu feioso e inoxidável nome da página certa da história. Paciência.

Seguinte é este. Apesar de ser espalhafatoso, ou talvez exatamente por conta disso, sou um recatado bicho do mato. Já disse e repito. "Alguns maledicentes podem afirmar, não sem razão, que me falta autoridade para resmungar contra os dissabores do progresso porque sou uma tecnoanta. Sim, confesso: nunca fui proprietário de nenhuma destas avançadas bugigangas tecnológicas (aliás, nem mesmo de um mísero celular). Talvez eu seja apenas um palhaço das perdidas ilusões que vos aborrece com quinquilharias antiquadas e outras indelicadezas". Mas, derivo.

O fato foi que, no último domingo, no exato instante em que ia fazer minha (re) estreia nas ruas, encontrei Araripe Jr. que largou a perturbadora e irrespondível pergunta. “Você soube de Yuri Almeida?”. Óbvio que não sabia. E fiquei meio sem querer saber. Troquei mais duas palavras com o mensageiro da desgraça e não tive forças nem para gritar fora temer, infame. Apenas martelava minha cabeça outra questão. “Como é que porra Almeidinha morre assim, sem nem avisar, sem dar um daqueles engraçados e tradicionais chiliques que ele dava no baba quando alguém não lhe passava a bola, tanto no sentido figurativo quanto real? Óbvio que ele deveria antes ter colocado a mão na cintura, balançado a barriga e a cabeça e dito, de modo quase gritado: Ó, galera, eu vou morrer, se prepare aí. Mas nada”

Quer dizer, nada, vírgula, havia, sim, indícios de que ele estava de partida. João Paulo mesmo contou que o sacana estava querendo voltar para a província, mesmo estando fazendo sucesso pra caralho na arrogante cidade de são sebastião. Eu é que não sabia de nada. Não estava informado, pois não tenho praticamente contato com os amigos, bicho do mato espalhafatoso que sou.

E assim, um tanto quanto desabotinado, tomei ali a decisão de retornar a este insípido & intragável ambiente, chamado facebook, logo no dia seguinte. A (des) propósito, tão desabotinado estava que acabei indo para o cemitério na mesma segunda-feira, quando a despedida protocolar só se daria no dia seguinte, na terça.

Aliás, minto. A despedida não teve nada de protocolar. Ao contrário. Todos os protocolos foram quebrados. E não foi despedida. Foram encontros. Lá, no Jardim da Saudade, estavam todos os amigos do baba, dos bares e de outras inconsequentes artes da vida. E lá estavam a força da mãe e do pai de Yuri. Na hora do avesso do parto, fiquei meio que atônito de testemunhar tantas e tamanhas forças. E determinações. Coisa assim. “Agora, vão todos para as ruas, para os bares, para os restaurantes, para os puteiros CELEBRAR”.

Pode parecer piegas, e é, mas fiquei atordoadamente emocionado vendo um pai, num momento deste, fazer a convocação de todos irem para um puteiro celebrar. Não havia morte ali. Só vidas, no plural. E à noite e madrugada adentro, celebramos no nosso puteiro particular, que é nosso inquebrantável Babaconha, uma confraternização insana que já se perpetua por décadas.
A bandeira do baba foi no caixão, mas Yuri Almeida ficou. E nós que aqui também estamos, celebremos. E caminhemos ainda mais juntos, especialmente nestes tempos temerários.

P.S Estes rabiscos são dedicados a todos os amigos, que não citarei, pois a lista é infinda. Boto apenas o nome de Lula Oliveira na ciranda, pois ele e esta (boa) ressaca dos 600 DEMÔNHOS são os culpados pelas extravagâncias contidas aqui neste texto.

Aliás, minto novamente. Henrique Mendes Dantas Munduruku também é culpado pelas besteiras que escrevi

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