Rituais democráticos (i?) Por Sérgio Guerra |
Seg, 03 de Outubro de 2016 03:45 |
Luizinho era um cidadão tranqüilo, ainda que militante combativo e político da esquerda independente, então petista, nos tempos em que éramos uma minoria, divida entre as várias distribuídas entre os pretensos “revolucionários”, oriundos da derrotada luta armada, e os enrustidos “reformistas”, fossem eles “igrejeiros”, os vários “sem” e sindicalistas, no contorno de Lula e dos múltiplos movimentos sociais. Luizinho foi muito bem treinado nas lutas estudantis e sindicais, nas quais o PCdoB, junto com o PCB, hoje PPS, (ou “Pepsi”, na feliz e irônica expressão de Dona Ana Montenegro, matriarca comunista da Roma Negra e fiel guardiã dos ideais de “Doutor Carlos Marighela”), além da “pelegada” dos velhos sindicalistas, sobreviventes da ditadura de 1964, que formavam sempre juntos contra o “novo sindicalismo”, fundador do PT e depois da CUT. Esta trilogia, então hegemônica no movimento sindical era chamada pelo Luizinho de “Santíssima Trindade”. Assim, Luizinho em dias de eleições tinha um curioso “ritual democrático” que consistia, religiosamente, em vestir uma camisa vermelha, uma bandeira e um boné do PT e um sapato tênis, disciplinadamente, beijava a filha e a esposa, saia de casa e ia votar, em seguida se deslocava para o Clube Baiano de Tênis, onde “participava da tradicional vaia a ACM, trocava empurrões e tapas com a PM e os “truculentos seguranças” do velho coronel e as carreiras, fugia para comemorar as aventuras, nos bares com os amigos”. Eram assim as eleições nas décadas de 80. Sérgio Guerra Licenciado, Mestre e Doutor em História Presidente do Instituto Ze Olivio IZO Cronista do site "Memorias do Bar Quintal do Raso da Catarina". |
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