Fomos derrotados nas eleições municipais em todo o país. A única capital que elegeu um candidato a prefeito do PT, e da esquerda, em primeiro turno foi Rio Branco no Acre.

Em todas as demais capitais e grandes cidades, com raras exceções, ganhou a direita organizada, a direita bizarra, a direita truculenta.

Alguns dirão que o PSOL irá ao segundo turno no Rio e em Belém. Sim, mas a soma dos votos da direita demonstra que são maioria.

E perdemos onde o PT governava, perdemos nas periferias, nas cidades com concentração operária, nas cidades com história de luta da classe trabalhadora. Perdemos nas quebradas em que vive o povo mais fudido.

E não podemos dizer que perdemos para o poder econômico, midiático.

Isso eles sempre tiveram.

A explicação para a derrota está em outro lugar. Começa bem antes do dia de hoje.

E se não queremos aprofundar a derrota, que não será em 2018, mas daqui uns dias na luta contra as medidas golpistas, precisamos ter a coragem de enfrentar a análise sobre a derrota que construímos nesses últimos anos.

Pois quem elegeu a direita no país todo não foi a classe média golpista e reacionária, foram os trabalhadores e os pobres. Mirem o que aconteceu em Salvador ou em São Paulo.

O povo pobre votou na direita explícita e declarada. Naquela que não suporta pobre, preto, gay, lésbicas, deficiente, louco, ou os chamados diferentes.

E não se trata de dizer que é preciso unir a esquerda. Não foi a divisão da esquerda que nos levou a derrota. Pois se somarmos os votos apenas do PT, PCdoB e PSOL, a derrota seria ainda mais massacrante.

Trata-se do que já se falou muito: a esquerda esqueceu que a grande maioria do povo é pobre e está lá na periferia. E que não adianta lembrar desse povo apenas na época da eleição ou para fazer número em atos, manifestações e eventos.

E nem mesmo teremos o povo ao nosso lado quando se estabelece apenas e simplesmente uma relação clientelista. Talvez se consiga alguns milhares de votos suficientes para se eleger um vereador, mas jamais para impedir uma derrota política de um projeto de futuro.

Se somos daqueles que não se contentam em eleger alguns vereadores, ou dizer que mesmo na derrota é possível vencer, então temos que enfrentar sem medo que é preciso repensar toda a prática política que a esquerda no conjunto vem implementando e que excluí a grande maioria da população do protagonismo político em nosso país.

Essa derrota não é o fim do PT, em especial, pois a ameaça de extinção do PT não é o resultado eleitoral em si, nem mesmo o golpe contra a Dilma. A derrota maior do PT se dará se a sua militância não for capaz de enfrentar efetivamente a análise de todos os erros cometidos ao longo dos últimos anos, assumindo o protagonismo dos debates internos e deixando o lugar de espectadores que lhes reservam as direções e tendências.

E não é diferente em relação aos outros partidos de esquerda, que ao fim e ao cabo reproduzem os mesmos métodos e portanto erros que o PT cometeu.

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