Quero falar hoje sobre meu irmão Renato Viana que morreu no dia 21 de setembro último e da importância que ele teve na minha vida e de tantas pessoas. Sou fim de cacho, como se diz dos que chegaram depois, no meu caso, bem depois, 14 anos de diferença do último. Renato era 16 anos mais velho que eu. Na adolescência me levava para suas aventuras. Pescaria de molinete pelas praias, na épocas desertas, andando de bugre e passando dias e noites pescando. Me ensinou também o prazer do mergulho. Saiamos de barco pescando e conhecendo o mundo do fundo do mar. Ele era um líder natural, gostava de jogar bola e era craque. Promovia campeonatos e agregava muita gente em torno dele. Eu também ia e participava desses babas.

Em 1970 ele entrou para Escola de Belas Artes e comecei a ver ele se envolvendo com a arte. Os seus trabalhos, pinturas, gravuras e esculturas.

A medida que fui crescendo, fui gostando disso e em 76, eu com 15 anos, ele me levou para trabalhar no projeto da decoração do carnaval, “Bahia terras dos Afoxés” na equipe do grande mestre Juarez Paraiso. Fizemos juntos a maquete de uma peça, fomos vencedores do concurso e realizamos de verdade a decoração do Campo Grande à Praça da Sé. Isso se repetiu durante vários dos anos seguintes de forma sempre crescente com grandes projetos mais desafiantes em termos estéticos, de estruturas, técnicas e utilização de novos materiais. No começo dos anos 80 ele juntamente com meu pai e Abílio, um outro irmão, tiveram uma fábrica de peças em fibra de vidro. Produzimos de caixa de incêndio para o polo petroquímico a grandes piscinas. E eu lá colado! Essa técnica da fibra Renato levou para a EBA onde desenvolveu juntamente com Juarez vários projetos.

O cara era bom de desenho, pintura, gravura (xilo e metal), modelagem, esculturas, peças cenográficas e outras coisas mais. Ele era um profissional super requisitado pela sua capacidade de soluções em várias questões que exigem criatividade, inteligência, capacidade de improviso e conhecimento de materiais.

Foram muitos projetos que fizemos juntos!

Posso dizer, sem sombra de dúvida, que tudo que sei e pratico hoje na minha profissão, devo a ele, seus ensinamentos, seu caminho e seu exemplo. Quando olho pra trás vejo que grande oportunidade a vida me deu. Usufruir destes ensinamentos na prática, no dia a dia. Tudo isso definiu os rumos de minha vida profissional, eu encontrei o que eu mais gosto de fazer que é arte, criações, projetos, construções. E com isso sou muito feliz.

Obrigado Renatão, sempre te amarei!!

PS: As fotos desta publicação são de trabalhos realizados por Renato.

Compartilhe: