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Pessimismo na razão, otimismo na prática. Viva o futuro. Por José Sérgio Gabrielli
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Ter, 27 de Dezembro de 2016 01:50

Jose_Sergio_GabrielliNão gosto de mandar mensagens de Natal, prefiro comentar sobre o Novo Ano. Gostaria de compartilhar com vocês algumas reflexões de fim de ano e olhares para 2017.  É um pouco longo e peço desculpas por isso, num momento em que o tempo é cada vez mais escasso. Não sei se posso desejar um Próspero 2017.

2016 foi um ano muito estranho. Noiva morreu de acidente de helicóptero no dia do casamento, nevou no deserto do Saara, time de futebol morreu em acidente aéreo de um avião de uma empresa irresponsável e cantores e bailarinos, ainda que soldados, faleceram em acidente de avião militar em direção a Síria. Síria onde milhares de civis morreram, numa luta que revela o fracasso da política das grandes potências para a região e que resultou num espantoso processo migratório para a Europa, que desmonta a União Europeia com Brexits e crescimento da extrema direita.

Extrema direita que apresenta um candidato ultraconservador nos EUA e que ganha as eleições com o apoio da classe operária que, ameaçada por alguns de seus direitos conquistados, opta por uma defesa conservadora de suas conquistas, afastando-se de uma perspectiva mais revolucionaria de inclusão de mais e maiores segmentos da sociedade na renda da sociedade. A ideia de “Operários de todo Mundo Uni-vos” se enfraquece.

No Brasil, um golpe é dado e usurpa-se a vontade dos eleitores brasileiros destituindo-se uma presidente sem crimes definidos. Conquistas dos anos 30, como a CLT, e ameaças ao futuro de nossos filhos, filhas e netos e netas, como a PEC 55, passam rapidamente, num avassalador processo de desconstrução do Estado, especialmente as politicas sociais e o avanço minimamente conquistado dos direitos de minorias e marginalizados da sociedade. Politicas de cotas, direitos da população LGBT, combate ao racismo, avanço do salário mínimo, aumento dos gastos sociais, fortalecimento de mecanismos de democracia participativa regridem e sofrerão grandes baques.

Os trabalhadores atónitos quase não reagem, apesar dos enormes esforços das lideranças. O Congresso Nacional revela sua correlação de forças extremamente reacionária, circunscrevendo os votos progressistas a cerca de um quarto dos congressistas. Três quartos apoiam o golpe e o retrocesso das políticas sociais.

E o Judiciário? Uma grande maioria silenciosa, conivente com a minoria que acredita numa visão messiânica, sem democracia, da reestruturação do Estado, em que os valores de alguns indivíduos se impõem como valores da sociedade, fazendo destes quase imberbes vencedores de concursos os definidores da vida de milhares de empregos, centenas de empresas e indivíduos, independentemente de suas culpas ou inocências, mas num evidente atropelo de direitos individuais e garantias do direito democrático. Vão para o lixo a presunção da inocência, o princípio de que o ónus da prova é do acusador, o direito ao habeas corpus, o combate ao uso da tortura psicológica para obtenção de confissões e a resistência ao generalizado uso de delações premiadas como único meio de prova.
Está difícil ter esperanças para 2017.

As lideranças dos movimentos sociais começam a sair da situação de susto e perda de rumo e buscam mobilizar a resistência. Os lideres dos movimentos organizados preparam pautas e agendas de luta para combater o retrocesso e defender as conquistas. Os democratas saem do seu torpor e incredulidade e descrenças, gerados pelo bombardeio midiático de denuncias de corrupção generalizada, desmoralização da política e massacre de lideranças de esquerda para uma atitude de “Pera aí, há algo de errado em tudo isto!”.
Está difícil ter esperanças para 2017.

Os jovens dão lições de luta e combatividade. Milhares de escolas ocupadas, combate intransigente as reformas conservadoras do ensino médio e ao fechamento da expansão das universidades e ensino técnico mostram a força de um movimento horizontal, sem lideranças consolidadas, por fora das entidades tradicionais com um enorme potencial de renovações.

As periferias dão seu grito de alerta, ainda que desorganizado e em formas de luta não tradicionais. As rebeldias dos movimentos culturais, os comportamentos não convencionais e a busca de mais direitos e não aceitação da redução do já conquistado dão algum alento para o futuro.
Está difícil ter esperanças para 2017.

Os partidos revêm sua história, se adaptam ao novo quadro, mudam suas estratégias, redefinam a sua composição e programas e sairão, no fim do ano, diferentes de agora. Qual o perfil dos partidos de esquerda, especialmente o PT pelo seu tamanho e pelo massacre que sofreu, definirá ao fim do ano as possibilidades de enfrentamento à avalanche das ideias e políticas conservadoras que tenta se impor ao país.
A esperança vai prevalecer, seguindo os ensinamentos do velho Gramsci: pessimismo na razão, otimismo na prática. Viva o futuro.

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