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Brown, Carlinhos Brown. Por Sergio Siqueira
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Sex, 10 de Fevereiro de 2017 12:25

Sergio_SiqueiraTenho muitas coisas sobre Carlinhos Brown, fizemos vários projetos juntos de 1992 a 2004, acompanhei o início da Timbalada, o surgimento dos Zarabés, o Alfagabetizado e fiz eu próprio duas entrevistas olho no olho, aonde ele revelou muita coisa, inclusive suas fontes, aonde ele foi buscar o som em estado puro da percussão e aonde aprendeu a se valorizar. Pintado do Bogô e Fia Luna tiveram importância fundamental nisso, a sabedoria de um e a rebeldia do outro influenciaram bastante na formação do artista. No primeiro show da Timbalada, projeto Pôr do Sol, Pintado e Fia Luna entraram como reis no palco, reverenciados.

Fia Luna, foi o cara que levou o som dos terreiros para a rua, e quem teve o privilégio de ter visto ele tocar, assistia sempre a uma catarse, a música o possuía, ele tinha ela dentro do corpo. Brown foi nele, na raiz e sabia que estava indo no supra sumo.

“ Quando eu vou a Fia Luna, é para trazer a coisa bruta, do que é o percussionista que sempre se teve como rebelde de rua, ou como alguém que fosse expulso do terreiro, porque tirou o atabaque que era sagrado e levou para a rua. Então, uma pessoa dessa é herege, vamos dizer assim. É desertor das leis, porque o atabaque não é uma coisa para você tocar aleatoriamente nas ruas.”

Pintado lhe ensinou a se valoriza como artista, foi a sua liberdade , abriu muitas estradas.
“ No dia em que eu me libertei, os meus mestres me ensinaram isso, o que eles chamavam de cache cachaça. Eu aprendi, aquilo foi a minha maior aula da vida, de que eu valho, eu não valho um copo de cachaça pela percussão que estou fazendo. Se eu estou animando, se eu mexo com as pessoas, eu mereço ganhar por isso. Foi minha primeira aula e aí minha cabeça me criou toda uma situação de ascendência cultural.”

Vi a Timbalada ensaiando na rua do Candeal, com esgoto correndo a céu aberto, vi os ensaios passando para uma Casa na Fonte do Boi e tive a oportunidade de fazer o primeiro grande show da Timbalada, Soltando os Cachorros, com direção de Ricardo Bitencourt. Um espetáculo aonde Brown mostrou a que veio. Desse momento em diante nasceu o Guetho Square, vi o sucesso que virou e fechar por ordem do Ministério Público, por excesso de sucesso. Brown protestou , mas não desobedeceu, já não era réu primário, em função do episódio da nudez no carnaval, que na época virou assunto de todos os meios de comunicação, com muita gente jogando pesado com ele, que nunca falou sobre isso, mas revelou neste trecho da entrevista”

“(...) a gente arruma o progresso e o Ministério Público que poderia resolver isso entre vizinhos e nós, porque isso aqui é um bem cultural, ao contrário, eles nos barram de fazer o Guetho. Por sua vez, eu tenho até respaldo cultural, que eu poderia estar tocando aqui hoje, mas eu não posso afrontar essa direção. No Ministério eu falei que não sou réu primário, porque num certo momento do carnaval da Bahia, eu necessitava de uma expressão de liberdade da cultura negra, dos urbanos, dos pobres, dos miseráveis, e o que era isso: voltar a não ter pecado. O que é que faz um homem não ter pecado? Quando o homem pecou ele vestiu roupas. Mas ele nasceu puro, nasceu sem roupas, nasceu sem pecado. Foi um momento que eu quis dizer isso, que era sem pecado. Que era o proibido proibir. Mas deixei que a história distorcida me visse como um anarquista que não era eu. Eu não fiz gesto obsceno, não mostrei meu pau para ninguém, apenas me libertei por alguns segundos. Busquei o puro mesmo.(...)”

Esses 12 anos de convivência daria um livro, sempre gostei de sua inquietação e de suas tiradas e explicações sobre assuntos variados, que ele sempre explicava, por outros caminhos:

O que é cultura para você ?
“ Cultura vem de culto, cultuar. Cultuar a família, o ancestral, respeitando o bisavô, mas de oilho na evolução do bisneto “

E o mercado internacional ?
O mercado internacional é sua casa, porque hoje o mundo tem trafego de todo mundo.”

E a cultura árabe na sua música, como apareceu, os zarabés por exemplo, tem muito dessa cultura ?
“ Eu quero me vestir de árabe porque o carnaval me ensinou a ser mouro. Alalaô me ensinou a gostar de Alá”. ( citando uma antiga marchinha de carnaval )

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