Dois farsantes. Por Claudio Guedes |
Sáb, 03 de Junho de 2017 16:23 |
Um. O MPF pediu ao juiz Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná, que Lula seja condenado no caso conhecido como o do "Tríplex". Ele é acusado de ter recebido R$ 3,7 milhões em propina por conta de três contratos entre a OAS e a Petrobras. Segundo o documento protocolado nesta sexta, o MPF pede a condenação do ex-presidente pela prática de corrupção passiva três vezes e pelo de lavagem de dinheiro outras 34 vezes. A Procuradoria pede condenação e posterior prisão, em regime fechado. Além disso, solicita a Sergio Moro que Lula pague R$ 87.624.971,26, que seria "correspondente ao valor total da porcentagem da propina paga pela OAS". Nas alegações finais, assinadas pelo procurador da República encarregado da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, Lula é apontado como o responsável "pela promoção e pela organização do núcleo criminoso que se instaurou no seio das empresas do Grupo OAS, assim como pelo comando das atividades criminosas por meio delas perpetrados". O autor da peça, o notório Dallagnol, um misto de procurador da República, publicista e pastor evangélico, diz que a "solução mais razoável é reconhecer a dificuldade probatória", e já que está difícil provar a culpa do réu, voltou a insistir da esdrúxula tese do "juízo de convicção", para pedir a condenação do ex-presidente. Tudo uma farsa. Uma farsa grotesca. Pegaram um caso de província, de uma proposta de compra de um apartamento pela mulher do Lula, misturaram com corrupção na Petrobras, aproveitando-se do fato de que a OAS, como todas as empreiteiras nacionais que possuíam negócios com a estatal, era também uma das repassadoras de recursos para partidos políticos (todos os grandes, inclusive o PT). O tal procurador, apenas um farsante empolado, pede a condenação de Lula, prisão e uma multa a ser paga pelo mesmo no valor de R$ 87 milhões! Quer dessa forma induzir o juiz - que muitas vezes se comporta de forma partidária - a uma condenação ao arrepio do "estado de direito" e, claro, conquistar seus minutos de fama na mídia esgoto que se especializou em linchar o líder petista. Dois O atual chanceler da República, o senador paulista do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira, teve uma semana de holofotes, agindo na OEA e em visita ao secretário de Estado dos EUA. Aloysio foi candidato a vice-presidente presidente da República na chapa liderada por Aécio Neves, também tucano e senador da República. Foram derrotados pelo voto popular em 2014. O povo disse não às pretensões da dupla. Aloysio hoje é ministro de um governo tampão, produto de uma farsa constitucional que afastou da presidência aquela que foi escolhida pelo povo. O fato de ter sido derrotado pelas urnas não foi constrangimento suficiente para afastá-lo do atual governo. Bom, seria apenas mais um caso de oportunismo. Mas, vai além, pois Aloysio era companheiro de chapa, de partido e de senado, do ex-presidente do PSDB, Aécio Neves, hoje afastado do Senado Federal por ordem judicial e acusado de gravíssimos crimes de corrupção. Este fato, que em qualquer país mais sério do mundo, deveria provocar o imediato afastamento também de Aloysio Nunes do atual governo, em nada causa constrangimento ao político tucano. Bom, não é apenas mais um caso de oportunismo. Aloysio é sobretudo mais um farsante no cenário atual da política tupiniquim. O que os farsantes têm em comum? São ambos procuradores do Estado (um ativo, outro afastado). Por aí já podemos ter uma ideia da profunda crise moral que atravessamos Cláudio Guedes é Empresáro e Professor da UFBa |
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