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Flauta doce (block) soprano. Quem nunca teve uma? Por Tuzé de Abreu
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Qui, 06 de Julho de 2017 01:48

Tuze_de_AbreuUm dos meus irmãos antes dos 10 anos fez iniciação musical e tinha uma flauta destas.Não foi em frente , a flauta ficou rolando pela casa como brinquedo coletivo.

Passei a ficar com ela cada vez mais. Tive aulas de piano e tinha aulas de violão , mas nenhuma noção de flauta ,sax , ou qualquer instrumento de sopro. Meio por intuição , talvez observando outros , não sei , acabei descobrindo escalas e modos de tocar, sem porém usar nenhum sustenido ou bemol , o que não sei até hoje na flauta doce. 

Mas ela virou uma mania. Eu a levava para toda parte, era aquele "chato da flauta". Mais tarde tive umas aulas de sax com Tutty Moreno . Sim . O grande baterista que inicialmente foi trompetista , depois saxofonista (muito bom), somente mais tarde passando a tocar bateria, sendo hoje um dos melhores do planeta , sobretudo tocando samba. Digo isso sem medo de errar. Acontece que ele nunca teve tendência a ser marqueteiro nem "artista". Foi e é um excelente operário da música, estudando diariamente. 

Voltando à flauta , comecei a frequentar a Escola de Música da UFBA aos 14 anos em 1962, no curso básico (hoje chama-se extensão) fazendo matérias teóricas com Georgina Lemos e saxofone com o fagotista e pintor Adam Firnekaes. No segundo semestre deste mesmo ano, toquei profissionalmente pela primeira vez com Carlito e seu Conjunto no Pirajá Atlético Clube (não existe mais há anos), em Brotas (Salvador). Curiosamente na mesma festa houve o show de um grupo musical feminino chamado Les Girls cuja baterista e líder era Emília Biancardi, pessoa que veio a ser muito importante para a Bahia e para mim. 

Mas , mesmo como estudante de sax, não largava a flauta doce na qual terminei adquirindo alguma habilidade improvisando no modo mixolídio, que não tinha a menor ideia do que era. Pra mim era "música nordestina".Esta habilidade fez com que dois gigantes se aproximassem de mim, fazendo grandes transformações na minha vida. 

O primeiro foi Walter Smetak que , vendo-me e ouvindo-me com aquela "aporrinhola" pra cima e pra baixo na escola de música, me chamou para improvisar na sua oficina , junto com outros "malucos". Mais tarde foram surgindo os instrumentos dele, que a gente experimentava logo que eram feitos, todos tínhamos longas conversas sobre as possibilidades sonoras, Djalma Correia, baterista , percussionista e técnico de som fazia parte do grupo. Marco Antonio Guimarães (UAKTI), Guilherme Vaz, Eduardo Catinari, muitas outras pessoas, que não lembro também frequentavam a oficina( Gereba chegou um pouco mais tarde). Eu era um dos mais assíduos. 

Nessa época o acordeonista , violonista , compositor e cantor Gilberto Gil aparecia bastante na TV como acompanhante de calouros , às vezes fazendo algum número solo, mas sobretudo apresentando seus "jingles" da Milissam , da Calba e das Lojas O Cruzeiro (sei todos até hoje).Era uma figura conhecida por todos na cidade. Antes ainda do "Nós, por Exemplo", espetáculo que primeiro reuniu os futuros "Doces Bárbaros". Um dia , um grupo jazz pop alemão veio tocar na Bahia, e um grupo de músicos baianos foi tocar para eles no auditório da nossa escola de música. Lembro que estavam Alcyvando Luz , Djalma, Perna Fróes e outros. 
Eu vivia na escola de música. Quando não estava no colégio , estava lá. Poucos anos depois troquei a escola pelo Teatro Vila Velha, mais tarde o Vila Velha pelo ICBA.Mas , voltando aos músicos alemães, fui pra escola pra ver meus "ídolos" tocarem pra eles. Cheguei cedo e fiquei numa das salas de estudo improvisando no mixolídio como sempre. 

A porta estava entreaberta. Muito concentrado na flauta , não vi que uma pessoa estava me observando. De repente a pessoa falou :"Não quer tocar comigo para os músicos alemães?"(não lembro se as palavras exatas foram estas, mas o convite foi este). Tomei um susto . Era Gilberto Gil , da televisão. Fiquei sem saber o que dizer, ele insistiu. Vamos. Fui. Foi uma emoção imensa improvisar "música nordestina" com aquele cara me acompanhando ao violão. Claro que ficamos amigos . Depois toquei com ele e outros num show na Sociedade Israelita, logo ele veio improvisar com Smetak, assim começou muita coisa...

Publicado originalmente no Facebook de Tuzé de Abreu, Músico

Um dos meus irmãos antes dos 10 anos fez iniciação musical e tinha uma flauta destas.Não foi em frente , a flauta ficou rolando pela casa como brinquedo coletivo. Passei a ficar com ela cada vez mais. Tive aulas de piano e tinha aulas de violão , mas nenhuma noção de flauta ,sax , ou qualquer instrumento de sopro. Meio por intuição , talvez observando outros , não sei , acabei descobrindo escalas e modos de tocar, sem porém usar nenhum sustenido ou bemol , o que não sei até hoje na flauta doce. 

Mas ela virou uma mania. Eu a levava para toda parte, era aquele "chato da flauta". Mais tarde tive umas aulas de sax com Tutty Moreno . Sim . O grande baterista que inicialmente foi trompetista , depois saxofonista (muito bom), somente mais tarde passando a tocar bateria, sendo hoje um dos melhores do planeta , sobretudo tocando samba. Digo isso sem medo de errar. Acontece que ele nunca teve tendência a ser marqueteiro nem "artista". Foi e é um excelente operário da música, estudando diariamente. 

Voltando à flauta , comecei a frequentar a Escola de Música da UFBA aos 14 anos em 1962, no curso básico (hoje chama-se extensão) fazendo matérias teóricas com Georgina Lemos e saxofone com o fagotista e pintor Adam Firnekaes. No segundo semestre deste mesmo ano, toquei profissionalmente pela primeira vez com Carlito e seu Conjunto no Pirajá Atlético Clube (não existe mais há anos), em Brotas (Salvador). Curiosamente na mesma festa houve o show de um grupo musical feminino chamado Les Girls cuja baterista e líder era Emília Biancardi, pessoa que veio a ser muito importante para a Bahia e para mim. 

Mas , mesmo como estudante de sax, não largava a flauta doce na qual terminei adquirindo alguma habilidade improvisando no modo mixolídio, que não tinha a menor ideia do que era. Pra mim era "música nordestina".Esta habilidade fez com que dois gigantes se aproximassem de mim, fazendo grandes transformações na minha vida. 

O primeiro foi Walter Smetak que , vendo-me e ouvindo-me com aquela "aporrinhola" pra cima e pra baixo na escola de música, me chamou para improvisar na sua oficina , junto com outros "malucos". Mais tarde foram surgindo os instrumentos dele, que a gente experimentava logo que eram feitos, todos tínhamos longas conversas sobre as possibilidades sonoras, Djalma Correia, baterista , percussionista e técnico de som fazia parte do grupo. Marco Antonio Guimarães (UAKTI), Guilherme Vaz, Eduardo Catinari, muitas outras pessoas, que não lembro também frequentavam a oficina( Gereba chegou um pouco mais tarde). Eu era um dos mais assíduos. 

Nessa época o acordeonista , violonista , compositor e cantor Gilberto Gil aparecia bastante na TV como acompanhante de calouros , às vezes fazendo algum número solo, mas sobretudo apresentando seus "jingles" da Milissam , da Calba e das Lojas O Cruzeiro (sei todos até hoje).Era uma figura conhecida por todos na cidade. Antes ainda do "Nós, por Exemplo", espetáculo que primeiro reuniu os futuros "Doces Bárbaros". Um dia , um grupo jazz pop alemão veio tocar na Bahia, e um grupo de músicos baianos foi tocar para eles no auditório da nossa escola de música. Lembro que estavam Alcyvando Luz , Djalma, Perna Fróes e outros. 
Eu vivia na escola de música. Quando não estava no colégio , estava lá. Poucos anos depois troquei a escola pelo Teatro Vila Velha, mais tarde o Vila Velha pelo ICBA.Mas , voltando aos músicos alemães, fui pra escola pra ver meus "ídolos" tocarem pra eles. Cheguei cedo e fiquei numa das salas de estudo improvisando no mixolídio como sempre. 

A porta estava entreaberta. Muito concentrado na flauta , não vi que uma pessoa estava me observando. De repente a pessoa falou :"Não quer tocar comigo para os músicos alemães?"(não lembro se as palavras exatas foram estas, mas o convite foi este). Tomei um susto . Era Gilberto Gil , da televisão. Fiquei sem saber o que dizer, ele insistiu. Vamos. Fui. Foi uma emoção imensa improvisar "música nordestina" com aquele cara me acompanhando ao violão. Claro que ficamos amigos . Depois toquei com ele e outros num show na Sociedade Israelita, logo ele veio improvisar com Smetak, assim começou muita coisa...

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