A Transparência Internacional divulga anualmente o índice de corrupção no mundo, e o que se percebe é que apenas uns cinco países revelam uma situação aceitável. Ou seja, o mundo jaz na corrupção. Entre 180 países, o Brasil oscila entre o 76º e o 79º lugar. Até os Estados Unidos estão mal na fita (18º lugar).

Ora, a corrupção existe e persiste em 95% do planeta pelo simples fato de favorecer apenas uma pequeníssima parcela dos seres humanos. Atualmente, os economistas já entendem que, sem a corrupção, o capitalismo acaba. E eu concordo com isso, porque o capitalismo é totalmente fundamentado no crime.

Em regra, os pequenos, médios e grandes empresários sobrevivem trapaceando, seja com os órgãos públicos ou com a própria iniciativa privada. Assim, o conceito de corrupção é apenas uma espécie de trapaça, de embuço, de cambalacho, onde às vezes a vítima pode ser até um empresário, caso ele seja honesto.

Esta semana, por exemplo, eu protocolei uma peça jurídica na qual revelo que o meu cliente (um empresário) foi vítima de uma trapaça sórdida protagonizada por uma sociedade empresarial familiar formada por advogados, um procurador do Estado e um magistrado, que lhe roubaram meio milhão de reais.

E eles fizeram isso sem a participação de servidor público, isto é, golpearam o empresário no âmbito privado. Portanto, a corrupção é, de fato, apenas uma espécie da trapaça (sentido amplo). É sabido que 93% das riquezas do mundo estão nas mãos de 300 famílias, de acordo com levantamento recente feito pela revista Forbes.

Segundo a revista norte-americana, mais 5% das riquezas estão nas mãos de outros grandes e médios empresários. Resultado: 7,5 bilhões de pessoas detêm apenas 2% da riqueza do planeta. Entre esses 7,5 bilhões, a trapaça também existe, mas em nada altera o “status quo” de quem detém 98% da riqueza mundial.

Afinal, as trapaças verificadas entre esses 7,5 bilhões de pessoas – furtos, roubos, estelionatos e latrocínios, dentre outros – estão sob a vigilância da Polícia e do Poder Judiciário, que são bem pagos para proteger o maior criminoso – o capitalismo de uns poucos que detêm 98% da riqueza do planeta Terra.

Na sua delação, Marcelo Odebrecht disse que o único país em que ele não encontrou corrupção foi em Cuba. Bem, se a ideia de uma sociedade socialista/comunista tornou-se uma utopia para o fim da corrupção – Cuba sozinha não faz verão –, somente vislumbro uma única saída para acabarmos com a trapaça neste planeta, qual seja, radicalizarmos a tramoia.

Isso mesmo: a trapaça precisa ser absoluta entre os 7,5 bilhões de pessoas, ou seja, todo o mundo acorda amanhã para surrupiar o semelhante. Por exemplo: todos os funcionários dos supermercados e lojas do mundo inteiro passam a trapacear em seus empregos. E quem vai comprar nesses estabelecimentos também trapaceiam nas compras.

O mesmo “modus operandi” trapaceiro deve ocorrer, de forma absoluta, entre os funcionários das agências bancárias, imobiliárias, construtoras, empreiteiras, montadoras de automóveis, bem como entre todos os servidores públicos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Até nas feirinhas livres, reinar-se-á a tramoia (por parte do feirante e do cliente).

Resumindo: não restará uma pessoa honesta sequer no planeta. Olha, por meio dessa absoluta falcatrua, em 30 dias a gente implode o capitalismo. A quebradeira será geral. Você pode achar que conectar 7,5 bilhões de pessoas para fazer isso é também uma utopia, ou melhor, que eu sou um sonhador às avessas dos pacifistas Albert Einstein, John Lennon, Mahatma Gandhi e Martin Luther King Jr.

Mas a verdade é que pensamentos altruístas, como os de tantas figuras célebres nos séculos passados, foram apenas a válvula de escape de uma panela de pressão, que cozinha feijão apenas para pouquíssimos abastados. É preciso estancarmos essa válvula para vermos a panela explodir sem um pingo de dó.

Essa ideia vale também para as mulheres, se é que me faço entendido. No dia em que as mulheres negarem suas bundas e bocetas, numa greve ininterrupta mundo afora, em troca do fim do machismo, elas lograrão êxito nesse sentido. O homem não suporta ficar restrito a imagens de mulheres nuas para deleite no banheiro, ainda que a fotografia seja muito bela, como essa que divulgo abaixo.

Toda radicalização produz um efeito contrário/desejado. E essa greve feminina, assim como a trapaça absoluta, pode ser programada/arquitetada nas redes sociais. Isso aqui é uma utopia? Para mim, não. As pessoas já vêm ensaiando isso, mundo afora, quando agendam manifestações de rua pela internet. Isso aqui é uma previsão!

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