Tô eu no show.. acabo de tocar mergulhar, falo das histórias que me contam, de como a música, as músicas que fiz, cantei, marcaram e marcam tantos relacionamentos, em tantos momentos.
Aí surge Pablo Dominguez, justamente o cara que fez a música que marcou o inicio do meu relacionamento com Mariana, tem uns 14 anos já. Chamo o Pablo, que é um compositor incrível, desses que respiram e fazem música com a mesma facilidade, gente finíssima. EU PIRO QUANDO VOCÊ PASSA.. Todo mundo conhece e gosta, geral cantou junto. O Pablo desce do palco, não antes daquele abraço. Me viro.. Olho pra Flocos na batera, sempre rola essa comunicação visual pra ver a hora de começar a música ou quando altero o repertório. Enfim, me viro pro público e vejo um casal de noivos, tipo... ELA DE VESTIDO BRANCO E ELE DE TERNO. Olhei, não entendi, pensei que era alguma intervenção artística. E era, mas era arte na forma mais pura e viva: amor. Me aproximo deles, ela me diz: Lembra que eu disse que gostaria muito que você tocasse em nosso casamento? Acabamos de casar e viemos correndo pro seu show!!! Eles ali, me olhando, os dois com uma felicidade cintilante nos olhos e sorrisos. Pedi pra subirem ao palco e ela ainda conta que perdeu um filho.. E o que poderia ser triste, trágico, revelou também o tamanho do amor, da cumplicidade e da força do casal. Muita gente chorando, muita emoção. Tocamos roda gigante e enquanto eles dançavam se olhando, se abraçando, olhei pro público e me pareceu que eles, que o casal, transmitiu a energia do momento deles pra todo mundo, um contágio de felicidade. Ai... Vida, um dia pegue mais leve comigo, quando meu coração tiver surrado e velhinho. Deus às vezes escreve o roteiro de uma forma.. Que fica impossível não ter fé na existência do autor. É uma sensação muito estranha, de que tudo aconteceu de forma perfeita, cronometrada, como se fosse tudo ensaiado. Tem momentos que são inesquecíveis mas a gente só percebe depois, e tem momentos que são inesquecíveis e a gente percebe na hora.
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