Eu e meu gruarda-chuva Por Zuggi Almeida |
Dom, 11 de Abril de 2021 06:45 |
Eu uso guarda-chuvas.Tenho certas dúvidas a respeito desse hábito, mas busco algumas referências no velho Abel, meu pai.Ele sempre portava um guarda- chuvas mesmo embaixo do sol inclemente naqueles verões das festas de largo das décadas de 60.
Lá estava Abel e seu indefectível guarda-chuvas.Hoje, me sinto bem portando um guarda-chuvas e seguindo a mania do meu pai : esqueçer o objeto preferido em mesas e balcões de botecos sem estrelas de Salvador.Logo volto a adquirir outro, sempre preto e austero como o guarda-chuvas deve ser na sua forma mais correta.Andei me questionando sobre o porque do guarda-chuvas na minha vida.Uma análise lógica remete poderia associar à função do objeto que protege usuários das intempéries. O guarda-chuvas mantém o garbo do cidadão preservando suas vestes secas e livre de um resfriado ocasional.
Sim, mas usar um guarda-chuvas num dia ensolarado? Seria precaução ou defesa? Pouco me importa os questionamentos analíticos sobre o guarda-chuvas, Interessa, sim, o quanto ele representa pra mim. Seria a preservação da minha imagem paterna?
- Pode até ser.
O meu guarda-chuvas funciona como a redoma que protege de gente ruim, daquelas que negam a ciência, que odeiam gente simples, daqueles que cultivam o ódio, a mentira e a inveja. Também, o guarda - chuvas não permite ser molhado.O uso de um guarda-chuvas remete à sobriedade do usuário e o grau de respeito que o cidadão possua por direito.
Considero que até num assalto o ato pode ser preterido por conta da vítima possuir um guarda-chuva.Que destino poderia ser dado a um objeto destinado à pessoas especiais.Por azar, o ladrão não teve oportunidade de conhecer esse tipo de receptor.O guarda-chuvas foi feito pra gente bonita, inteligente, feliz e que acredita na vida.O meu pai era dessa turma, eu da mesma forma. Meu guarda-chuva é o parceiro calado e fiel em temporadas de sol e tempestades, assim como deve ser o amigo perfeito. Eu vou levar meu guarda-chuvas para despedida de um grande amigo. Guarda - chuvas sempre protegem lágrimas das chuvas de abril.
Zuggi Almeida é baiano, escritor e roteirista. |
Última atualização em Dom, 11 de Abril de 2021 07:18 |