Provocações. Por Cláudio Guedes |
Sáb, 08 de Maio de 2021 00:47 |
Além do absurdo de uma operação policial, supostamente para averiguação e detenção de pessoas acusadas de estar cometendo crimes, ter como saldo macabro 25 mortos, há uma questão política nesta história.
Não foi apenas uma operação policial. Qualquer um, minimamente inteligente, sabe inferir que em uma operação policial, que tivesse evoluído para o confronto armado naquele sítio específico de favela urbana, as baixas das partes em contenda - se tivesse havido confronto - seriam de lado a lado. Não é possível acreditar que um conflito armado naquelas condições levasse a 24 mortos de um lado e apenas uma morte do outro. Não houve confronto propriamente. Houve perseguições e assassinatos. Isto é por demais óbvio. Por quê? Acho que a questão é sobretudo política. A decisão de invasão da favela e da carnificina foi uma afronta ao STF. Foi uma afronta ao estado de direito. Foi um recado das forças policiais de um estado bolsonarista, dirigido por um governador bolsonarista, ao chamado ativismo judicial, ou seja, a interferência positiva do STF na defesa da Constituição da República e do estado de direito, alvos desde a posse do presidente Jair Bolsonaro por ele próprio, seu governo e seus aliados mais truculentos. Foi uma provocação. Como também foi uma provocação a afirmação, à noite, feita pelo presidente Bolsonaro de que as próximas eleições ou serão realizadas pelo voto impresso ou não serão realizadas. Como Jair Bolsonaro sabe muito bem não lhe cabe definir nem a forma das eleições, muito menos dele depende o calendário eleitoral. Ambos estão definidos na Constituição da República. Foi mais uma provocação. Acuados Jair Bolsonaro e seus aliados partem para a ofensiva. Estão em franca minoria na sociedade, mas possuem poder de provocar e esgarçar o tecido social, e é o que estão tentando fazer. Jair Bolsonaro é um truculento, inimigo da democracia brasileira e do estado de direito. Vai tentar, no limite que lhe for permitido, atacar a Constituição da República e as instituições que suportam o estado de direito. É o seu objetivo principal no governo. |
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