Esta semana, o país foi mais uma vez bombardeado pela estupidez bolsonarista, quando o comediante Carlos Alberto da Nóbrega, que comanda o humorístico “A Praça é Nossa”, no SBT, criticou o presidente Lula por sua falta instrução, no programa Roda Viva, da TV Cultura, afirmando: “O homem que não tem um curso ginasial, universitário, contábil, qualquer coisa [ …] ser presidente da República? Por isso que o país está desse jeito”.

Embora Bolsonaro esteja se desfazendo como político, o bolsonarismo continua vivo, e a mídia capitalista, que foi uma das grandes responsáveis pela ascensão de Bolsonaro ao governo, se encarrega de manter vivo esse pensamento, que expressa o que há de pior, não apenas na sociedade brasileira, mas na humanidade como um todo. É bem verdade que a grande mídia corporativa não é, no geral, bolsonarista (apesar de haver veículos explicitamente bolsonaristas, como a Jovem Pan), mas manter vivo o bolsonarismo é importante para os interesses do grande capital, que essa mídia defende caninamente, pois é importante manter o governo Lula, que defende os interesses da maioria de despossuídos, acuado e na defensiva. Isso ficou claro, quando a Folha de São Paulo, em editorial publicado há alguns meses, afirmou que, sem os seus arroubos, o bolsonarismo ainda teria um importante papel a cumprir na política brasileira.

Esse compromisso com o atraso escravista e racista é que explica um programa como o Roda Viva entrevistar uma figura como Carlos Alberto da Nóbrega, um comediante medíocre, que comanda um programa que é a maior expressão de um humor antiquado, baseado em lugares comuns e no preconceito. Ironicamente, a audiência que esse programa tem é um dos grandes reflexos da falta de instrução da sociedade brasileira. Seu público é majoritariamente de baixo poder aquisitivo, subletrado, preconceituoso, misógino, homofóbico, quando não racista, e obviamente bolsonarista, que nada mais é do que um reflexo das características anteriores. Assim como Bolsonaro, da Nóbrega é um bom representante de grande parte do seu público e, como tal, além de ignorante, imbecil e preconceito, é hipócrita e incoerente.

Sua crítica ao presidente Lula, parte do preconceito e da presunção estúpida de que educação formal é um requisito indispensável a um grande líder político. A Austrália, país que deve admirar, chegou aonde chegou, sendo governada por década pelo Partido Trabalhista (social-democrata), cujos líderes eram, na maioria, oriundos da classe trabalhadora. O próprio presidente Lula é a prova mais cabal da falta de fundamento desse preconceito, sendo hoje um dos estadistas mais respeitados do mundo, ao contrário de Bolsonaro, que sempre foi desprezado e ridicularizado no cenário internacional. Mas, como bom bolsonarista, da Nóbrega não se preocupa com os fatos e com a realidade, muito menos com a coerência. Lula já deu provas evidentes de que é muito mais instruído e intelectualmente mais capaz do que o miliciano que esse deprimente comediante admira e segue. Enquanto Lula se mostrou um leitor ávido durante sua prisão política, a ignorância, a falta de informação e a estupidez de Bolsonaro, que provavelmente não lê um livro há décadas (se é que já leu algum), já seriam proverbiais, se não fossem superadas por suas outras “qualidades”, como o racismo, a desonestidade, a grosseria e a imoralidade.

Ainda mais hipócrita e acintosa, é a conclusão de que o país está em uma situação pior, por conta da alegada falta de instrução do presidente Lula. Lula está lutando contra forças poderosas (como o Banco Central, que continua na mão de um bolsonarista), para reconstruir o país, após o desastre do governo de Bolsonaro, não apenas o pior presidente da história do Brasil, mas um dos chefes de estados mais bizarros da história da humanidade. E o mau-caratismo desse comediante o impede de reconhecer tudo o que caracterizou o governo Bolsonaro: o desastre sanitário na pandemia de covid, a devastação da Amazônia, o extermínio dos povos indígenas, a perseguição à população LGBTQIA+ e às religiões de matriz africana, a exclusão social que colocou mais de 30 milhões de brasileiros na miséria, os ataques à ciência, à educação e à cultura, o armamentismo, que beneficiou o crime organizado, a liberação indiscriminada de agrotóxicos cancerígenos, o entreguismo e a submissão ao imperialismo norte-americano. Assim, como o impede de reconhecer também os avanços já alcançados, em poucos meses, pelo governo do presidente Lula, na economia, na inclusão social, na saúde e educação públicas, no apoio à ciência e à cultura e no reconhecimento internacional.

Mas o que é mais absurdo nessa história toda é o espaço que a TV Cultura deu para essa figura tão obscura e desprezível, e a repercussão que essa declaração tão cretina teve na mídia capitalista. O que é Carlos Alberto da Nóbrega, além de um comediante medíocre, que comanda um programa de quinta categoria? Ele é tão pequeno que nem o pobre programa que comanda é uma criação sua, foi herdado do pai! Que reflexão política ele já ofereceu à sociedade? Que engajamento? Que participação importante já teve na vida nacional, além de propagar a cretinice e o preconceito, no seu lastimável programa televisivo?

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