O espetáculo Segundo, realizado pelo Projeto Entre(Linhas), da cidade de Goiânia, contemplado pelo Prêmio Furnarte Petrobras de Dança Klauss Viana em 2013, está em circulação nacional pelo país e nos dias 18 e 19 de abril se apresenta no espaço cultural Cine Teatro Solar Boa Vista, Eng. Velho de Brotas, às 20h e 18h, respectivamente.
Segundo fala sobre a mulher moderna, a mulher múltipla, a mulher e seus diversos papéis, a mulher em uma sociedade que presta homenagens, mas nem sempre a respeita. A mulher e suas diversas formas de existir e de se sentir.
O espetáculo surge de uma proposta de criação coletiva – Projeto (entre)linhas – e dialoga sobre a mulher contemporânea sem partir da verdade de uma pessoa específica. Talvez, por isso, transcenda a expressão mais óbvia de quem é essa mulher, transformando-a quase em um patchwork: uma personagem feita a várias mãos e cheia de verdades nada absolutas. Fragmentos de uma mulher que, no decorrer do processo criativo, revelou-se indecifrável, indizível, singular e não menos encantadora.
Segundo. A ambiguidade proposital do termo que identifica o espetáculo é uma critica a temporalidade, urgência, fragilidade e liquidez das relações humanas, mas também à dependência (mesmo que camuflada) do segundo sexo, uma mulher que se define, quase sempre, em função do homem e raramente para a própria (a esposa, a mãe, a rapariga, a prostituta...). Afinal, citando Simone de Beauvoir, “não é a inferioridade das mulheres que determinou sua insignificância histórica, mas sua insignificância histórica que a dedicou a um patamar de inferioridade”. Assim, a obra traz questionamentos sobre um universo complexo e leva-nos a refletir sobre papéis historicamente construídos. Indagações como “o que esperam de mim e o que eu espero de mim”, surgidas nos laboratórios criativos, também permeiam todo o trabalho.
As cenas de Segundo são como um despir a mulher. Os conceitos estéticos adotados conduzem a uma busca da mesma por autoconhecimento, levando-a questionar-se enquanto segundo sexo. O corpo instaura-se como veículo de afirmação de uma mulher que, complexa, caminha da submissão à consciência de si.
Uma obra sensível, intimista e profunda. Uma abordagem digerida, transmutada, incorporada. Sem referências diretas, sem militâncias... Uma mulher em forma de poesia.
Luiz Gonçalves. Universitário selecionado pelo Projeto (entre)linhas“A mulher contemporânea tem essa reintegração da Mulher Selvagem, uma mulher livre, dona de si, yang, independente, sexual, sensual, e ainda sim muito feminina! Conectada com seu sagrado interior, sem perder de vista seu lugar na sociedade. Uma mulher em pé de igualdade com o homem, nem superior nem inferior, simplesmente igual; e semelhantes, com seu animus integrado, e o homem com sua anima integrado. “ |