Comer ou não comer? Eis a questão! Pelo menos, uma das questões propostas pelo ator Igor Epifânio na peça A arte de matar galinhas, que encerra sua curtíssima temporada neste final de semana em Salvador. Em cena, um misterioso chef ministra uma aula enquanto serve ao público uma canja preparada por ele. Nesse processo, oferece também vinho, pães e uma pitada generosa de ideias sobre a vida e a arte de se alimentar, em todas as suas dimensões. A arte de matar galinhas recebe apenas 25 pessoas por noite e as quatro últimas sessões acontecem na varanda da Casa-Museu Solar Santo Antônio nos dias 10 e 11/12 (quinta e sexta,) às 19h, e nos dias 12 e 13/12 (sábado e domingo), às 18h.

A arte de matar galinhas pode ser considerada uma peça-jantar que se passa dentro de uma “cozinha”, onde um cozinheiro é instigado a divagar sobre nossa herança alimentar, enquanto prepara uma refeição real para as pessoas presentes. Mistura ironia e humor para falar, por exemplo, que nunca devemos comer sozinhos, ou que só devemos nos alimentar com fome de verdade, já que comer para afastar o tédio conduz ao vício... São sabores e pensamentos que extrapolam os limites dos pratos e da própria cozinha, lançando essa temperada discussão para muito além da nutrição. Numa época em que todos nós estamos cada dia mais isolados, comendo sozinhos e calculando calorias de cada alimento, A arte de matar galinhas faz o público pensar – e degustar – algumas das melhores possibilidades do ritual de encontro, onde o paladar, a conversa, o tempo, o olhar e o pensamento próprio estão no cardápio do dia.

O chef interpretado por Igor Epifânio (vencedor do Prêmio Braskem de Teatro 2013, na categoria ator) tem uma livre inspiração no protagonista do livro “O Idiota”, de Dostoievski. Os textos da peça são assinados por Aldo Marcozzi, Daniel Dourado e Gildon Oliveira. Marcelo Souza Brito é o codiretor. A montagem conta ainda com trilha de Matheus Augusto, desenho de luz de Ferna Almeida e consultoria gastronômica de Kátia Najara. A produção é da Huol Criações, que oferece vendas antecipadas dos ingressos (limitados a 25 pessoas) pelo telefone 71.3241-2983. O valor do ingresso (R$ 40,00, a inteira) inclui as comidas e bebidas servidas durante o espetáculo.

“A arte de matar galinhas” é um dos solos que integram o projeto “Um piano, o bolero e a galinha”, juntamente com “Parece Bolero” (Paulo Lice) e “L. recebe” (Jacyan Castilho). A Nova temporada de “Um piano, o bolero e a galinha” tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia. O projeto foi selecionado pelo Edital Setorial de Teatro 2014, da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), unidade SecultBA. As sessões de “Parece Bolero” aconteceram de 07 a 28/11 em Salvador, enquanto a temporada de “L. Recebe” será de 15 a 21 de janeiro, no Instituto Feminino da Bahia.

Nessa temporada que se encerra domingo, toda a equipe montou sua “cozinha” em um lugar especialíssimo: o pátio da Casa Museu do jornalista e agitador cultural Dimitri Ganzelevitch, com vista para a Baía de Todos os Santos, na Rua Direita do Santo Antônio, número 177. Reconhecido pelo Ministério da Cultura como Casa-Museu, o Solar Santo Antônio é composto por dois imóveis, que reúnem coleções de arte marcadas pelo ecletismo: acadêmico, contemporâneo, popular, psicótico (Arte do Inconsciente). Este acervo foi constituído durante 60 anos e por quatro continentes. No primeiro andar, um pequeno pátio permite ventilação e luz natural e é o ponto de encontro preferido de todos os pássaros da vizinhança. O conjunto inclui ainda um jardim cultural com obras de cerâmica de Eckenberger e Naco, e teatro de arena para 80 espectadores.