O projeto da Trilogia se organiza como uma prática política onde o verbo vai buscando caminhos pata existir contra a hegemonia. O desejo de outro, o desejo de encontrar o outro e ser modificado por ele, o desejo como energia vibracional não-submissa à razão, o desejo como coisa que sucede, onde as formas se fazem indistinguíveis, mas as forças perceptíveis, elaborando seu pensamento a partir da metáfora da devoração carnal, a antropofagia reativa o mito de devoração dos índios para adotar e adaptar a fórmula ética da relação com o outro, sua cultura, sua experiência, suas políticas e estéticas. O ato 1 daTrilogia (Permanecer) propõe a seus públicos que se relacionem com a peça a partir de uma visão micropolítica, permitindo a construção de uma identidade coletiva em tensão com os acontecimentos sociais e políticos contemporâneos. O espectador é convidado a se transformar na matéria de uma plataforma coberta de carvão e em constante movimento onde deve ficar de pé durante um tempo de exposição marcado pela chegada de um outro.
Perro Rabioso…
…é um coletivo artístico dirigido por Francisco Lapetina, músico e comunicador visual e Tamara Cubas, coreógrafa e artista visual, com a colaboração e participação de artistas, gestores e docentes. Desde 2002 tem desenvolvido inúmeros projetos artísticos e culturais nas áreas de música, vídeo, dança e performance, e mantém sua base em Montevidéu, Uruguai. Entre suas criações mais celebradas se destacam Puto Gallo Conquistador (que estreou em 2014 e foi apresentada no Chile, Brasil e Portugal), Multitud (que estreou em 2013 e foi apresentada em vários espaços públicos de Montevidéu, Chile, Brasil, Itália e Cuba) e Atos de Amor Perdidos (que estreou em 2010 e percorreu festivais na Sérvia, Alemanha, Espanha, Portugal e Chile).