A atriz Nayara Homem celebra 15 anos de palco com seu primeiro solo teatral, intitulado A Desejada – Desvariações sobre o Mito de D. Sebastião, que chega a sua segunda temporada, em cartaz no Teatro SESI Rio Vermelho, de 11 de agosto a 29 de setembro, às 20h, sempre às sextas-feiras. O espetáculo conta a história de Dom Sebastião, rei de Portugal, que virou mito seja por suas práticas, seja pelas questões não respondidas sobre seu gênero e o fato de nunca ter aceitado nenhum casamento. Uma viagem nos universos do masculino e do feminino, do ser e do parecer, a devastadora luta do indivíduo e o seu destino.
A Desejada aposta nas várias perguntas desse rei sobre sua própria existência, sua sexualidade e sua condição de gênero. Seria uma invenção para manutenção do poder nas mãos de sua família? O texto, a direção e concepção visual são do espanhol Moncho Rodriguez, que trabalhou com Nayara Homem em residência artística na cidade de Fafe, em Portugal, onde teve uma pré-estreia, em dezembro de 2015. Fruto de uma pesquisa conjunta dos dois artistas, a montagem bebe na intrigante história do monarca português.
De acordo com o historiador Artur Coimbra, em A Desejada, “uma atriz vive o conflito de ter que habitar num corpo masculino de um rei, predestinado à morte para alimentar o sonho do seu povo, do seu reino de uma liberdade utópica. No meio do percurso da sua interpretação descobre que o ama da mesma forma como se ama e que o quer salvar para salvar-se”. O rei foi filho único da Rainha Joana, salvando a coroa de ser destinada para Espanha. Nunca casou-se, tendo seu primeiro casamento cancelado por conta de uma doença venérea contraída aos 11 anos. Não teve convívio com mulheres e foi afastado da mãe ainda bebê. Sua veia guerreira o fez buscar batalhas e a historiografia oficial conta que morreu em combate no Marrocos, apesar de nunca ter seu corpo encontrado. No espetáculo, entram em evidência as contradições da personagem e da atriz, um exercício de busca de si.
Nayara Homem - Formada em Artes-Cênicas na UFBA, Nayara Homem tem se mostrado uma atriz versátil ao transitar pelo circo, teatro, TV e cinema. Faz parte do grupo de teatro: Viapalco com 18 anos de atividades continuadas, que conta atualmente com sete espetáculos de repertório. E integra dois coletivos: O Colectivo Âmbar de Artistas e Realizadores Cênicos da América Latina, onde coordena o departamento de pesquisa, e o Coletivo Inconsequências de Produção Audiovisual. Além da participação em festivais, soma atualmente em seu currículo a participação em 20 filmes e 24 espetáculos apresentados dentro e fora do Brasil.
Direção - Rodriguez é diretor de teatro espanhol e tem dedicado sua vida à direção e dramaturgia. Com forte ligação com Portugal e com Brasil, já tendo desenvolvido diversas parcerias com estes três países é um apaixonado pela cultura popular e brincante e pela magia dos bonecos e máscaras. Em Salvador dirigiu espetáculos premiados como Bartolomeus e Bululú, está a frente do projeto de residência, difusão das artes cênicas e produção de conhecimento e reflexão acerca da educação “Fafe Cidade das Artes”, em Fafe, Portugal, em que recebe artistas de todo mundo para residência artística, oficinas, eventos e criação de diversos.
Ficha Técnica
Texto, direção e concepção visual – Moncho Rodriguez
Trilha sonora original – Narciso Fernandes
Atuação – Nayara Homem
Operação de som –Tacira Coelho
Iluminação – Arielton (Tatá) Pereira
Confecção do Cenário, Figurino e Adereços – Guilherme da Costa, Marília Castro, Andreya Silva, Lídia Fernandes, Márcia Isolina, Gringo Freitas, Moncho Rodriguez e Nayara Homem
Fotografias – Manuel Meira, Agamenon de Abreu e Ingrid Lago
Direção de Produção – Grupo Viapalco
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