Eu é um Outro, já nos revelava o filósofo francês Jean-Paul Sartre. Uma singularidade desejante e ficcional. Uma experiência imagética e telemática sobre as fronteiras, um convite a olhar para o outro, para organismo, para as fronteiras. Este é o ponto de partida do espetáculo Eu é Outro: Ensaio sobre Fronteiras, com direção de Marcus Lobo, integrante do Coletivo Teatral Coato, que se apresenta no dia 09 de dezembro, às 20h, no Teatro Martim Gonçalves, pelo II Festival Estudantil de Artes Cênicas – FESTAC.
De acordo com o diretor, Marcus Lobo, que se enxerga muito mais como um provocador cênico, o espetáculo traz um debate sobre a percepção do corpo com o coletivo/organismo/integrado. “É um manifesto sobre as distâncias e a necessidade de estar perto, (se) atravessar, (se) conectar. Uma tentativa de aproximação entre as partes interessadas. É sobre organismos que, atravessando questões fronteiriças geradas pelas relações com outros organismos, repensam possibilidades de se estar juntx/integradxs”.
O trabalho transita entre a performance, dança, música, visuais e tecnologia. “Esta superfície de eventos é um espaço propicio ao novo, ao olhar no outro, desse outro que vem a cada noite trazendo o novo”, explica o diretor do espetáculo Marcus Lobo, ao acrescentar que Eu é Outro: Ensaio sobre Fronteiras é o resultado da formatura no curso de Artes Cênicas da UFBA, com ênfase em Direção Teatral
No processo criativo, o coletivo descobriu que as fronteiras se erguem quando se percebe a presença do OUTRO. A noção de fronteira coloca a ideia do limite. Ao levar em conta esta percepção, para o COATO a liminaridade somos nós todos. “A questão com a liminaridade é que não é só um conceito antropológico que tem a ver com os ritos de passo. Abrange as noções de territorialidade sejam físicas, simbólicas, imaginárias, poéticas, políticas, sociais”, filosofa Marcus Lobo.
O COATO teve o prazer de vivenciar dois encontros especiais durante o processo de criação, o primeiro foi com a Ivani Santana mentora do Grupo de Pesquisa Poéticas Tecnológicas - BA, e com Rubens Velloso e Marcos Azevedo diretores do PHILA7 - SP. Os dois grupos são reconhecidos mundialmente no estudo da “imagem e da tecnologia como ferramentas para o desenvolvimento de novos caminhos para as artes cênicas”.
A tecnologia chega justamente como a engrenagem que faz o fluxo da cena girar, ela estará por toda parte dando suporte e colaborando com o trabalho dos performers. Em “Eu é outro: Ensaio sobre Fronteiras”, o coletivo Coato investe nas imagens cinematográficas, na interatividade telemática e no uso de mídias para provocar sensações plurais onde cada singularidade desejante (povoamento), a partir do seu repertório, poderá criar as suas próprias imagens.
Coletivo
O COATO nasce em 2013 após a aprovação de um projeto no Edital Territórios Culturais, que resultou na montagem do espetáculo “Estrelas Derramadas”, que foi apresentado apenas na região do Piemonte da Diamantina, interior da Bahia. O último trabalho do COATO, o acontecimento cênico MAÇÃ, que estreou em maio de 2016, rendeu duas indicações no Prêmio Braskem de Teatro, na Categoria Especial pela preparação corporal conduzida por Danilo Lima e Uerla Cardoso, e Revelação, para Marcus Lobo, pela direção.
FESTAC
A participação do espetáculo Eu é Outro: Ensaio sobre Fronteiras no festival ocorre por meio de um intercâmbio com o evento UTÓPIAS E HETEROTOPIAS, que ocorre de 5 a 10 de dezembro, no Teatro Martim Gonçalves, realizado pelo Grupo de Pesquisa Poéticas Tecnológicas: CorpoAudioVisual, da Escola de Dança da UFBA. O Festival Estudantil de Artes Cênicas - FESTAC chega ao seu segundo ano querendo discutir como é criar, produzir e gerir montagens cênicas dentro das escolas secundaristas e universidades de Artes Cênicas baianas.
Em 2017, o festival realizado numa parceria entre os coletivos teatrais COATO e COOXIA, e a Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (ETUFBA) ocorre entre os dias 08 e 17 de dezembro, em vários espaços culturais da cidade e ocupando ruas do centro soteropolitano. Ao todo, serão apresentados 12 espetáculos da capital e do interior do Estado (Feira de Santana, Ilhéus, Jequié e Santo Antônio de Jesus); Mesa de Debate: Gerir Resistência, sobre sustentabilidade e manutenção de festivais universitários; e um Workshop de Crítica Cultural com profissionais da Revista Barril.
O II FESTAC tem o apoio financeiro do Calendário das Artes 2017, edital da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), entidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), Governo do Estado da Bahia; e do Programa de Extensão Universitária, da Universidade Federal da Bahia (PROEXT/Ufba).
Ficha Técnica:
Concepção: COATO Coletivo Direção: Marcus Lobo Preparação Corporal: Danilo Lima e Thiago Cohen Elenco: Bernardo Oliveira, Danilo Lima, Ixchel Castro, Jamile Cazumbá, Mirela Gonzalez, Natielly Santos, Simone Portugal, Thiago Cohen Dj: Bernardo Santos Desenho de Luz: Ana Brandão e Marcus Lobo Cenografia e figurino: COATO Coletivo Direção Visual: Giovani Rufino Produção: COATO Coletivo
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