Salvador, 15 de May de 2024
Acesse aqui:                
facebookorkuttwitteremail
Política é informação. Conviccão é coisa de religião. Por Francisco Costa
Ajustar fonte Aumentar Smaller Font
Cidadania
Ter, 14 de Fevereiro de 2017 01:58

Francisco_CostaEstamos diante de duas possibilidades, porque a terceira, a continuação de uma quadrilha institucional no poder, até 2018, é incogitável: a anulação do impedimento da Dilma ou a convocação de eleição para presidente, deixando claro que qualquer uma das duas dependerá de mobilização popular.

Como não faço da política religião, sou materialista histórico, dialético, farei uma análise de conjuntura, sumária, sem entrar em pormenores:
1) A esquerda brasileira tem hoje 1/5 dos votos, nas duas casas parlamentares (Câmara e Senado), e tudo que foi votado lá, após o golpe, resultou em derrota acachapante para a esquerda, com os golpistas conseguindo, em média, quatro vezes mais votos que a esquerda;
2) Para a aprovação de uma PEC são necessários 2/3 dos votos do parlamento, e para a aprovação de uma PL, 1/2 mais um dos votos do parlamento;
3) A estrutura dos poderes é burguesa e está nas mãos da burguesia, de maneira que um poder é complementar, continuação do outro;
4) Para atender a duas correntes, na constituinte, conseguiram promulgar uma Constituição híbrida, parlamentarista-presidencialista, dando excessivos poderes ao parlamento, com retirada de poderes da presidência da república;
5) Mais da metade do povo brasileiro está diante da tevê, vendo BBB, Se Vira nos 30, Lar Doce Lar, acreditando piamente no que diz o Jornal Nacional, continuando a dizer que Dilma é ladra e Lula, ladrão.

O argumento dos partidários da volta da Dilma é que é preciso restaurar a democracia, o que eleição também faz; fazer justiça a uma injustiçada, e isso não depende de retorno ou não, quem julga são os pósteros, a História, e Dilma está a priori no panteon das vítimas da covardia e do arbítrio, por não ter cometido delito algum, ser uma mulher honesta.

Mas como conduzir Dilma de volta? Há três caminhos: o popular, via parlamento e via STF.

Examinemos o popular: que povo vamos convocar, o que cercou o parlamento e impediu a saída de Dilma? O que cercou o parlamento e obrigou a saída de Eduardo Cunha? O que cercou a casa do Lula e impediu uma condução coercitiva ilegal? Os milhões que colocamos nas ruas, para irrelevar as micaretas dos coxinhas que coloriram a Paulista de verde e amarelo?

Pesquisa recente apurou que quase sessenta por cento do povo brasileiro acredita que Dilma foi afastada porque roubou; grande parcela do povo ainda acredita que Lulinha é dono da Friboi e o pai, da Esalq.

Como mobilizar esses, vendendo camisetas nas esquinas ou escrevendo bonito nas redes sociais?

Afastada a hipótese de levante popular, partamos para o parlamento.

Tendo um quinto dos votos, que proposta de lei ou emenda constitucional a esquerda faria passar? Os presidentes das duas casas sequer aceitariam o pleito. Aceitando, não passaria pela Comissão de Constituição e Justiça. Passando, o plenário nos imporia outra derrota acachapante.

Passemos então para o STF, o STF que não deixou Lula ser ministro porque havia uma delação contra ele, mas que garantiu a nomeação de Moreira Franco porque ele só tinha 23 delações, o STF que se limitou a dar uma advertência a um juiz que gravou telefonema entre uma presidente e um, ex, sem autorização judicial e vazou para a maior rede de tevê do país... Esse mesmo STF vai abrir procedimento de anulação do golpe, sendo ele mesmo parte do golpe? Então tá.

Mas vamos supor que o Espírito Santo baixe sobre os nossos ministros e eles apontem na direção da recondução de Dilma ao Palácio do Planalto.
Todos os ministros do Supremo têm a prerrogativa de pedir vistas nos autos do processo, ficando na posse do processo praticamente por tempo indeterminado, interrompendo os seus trâmites, prática usada por Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes, recentemente.

Percebendo que a anulação do impeachment será aprovada, nada impedirá que Gilmar Mendes ou Alexandre de Moraes, então empossado, peça vista nos autos e prenda o processo até o último dia do mandato de Temer.

Mas vamos imaginar que isso não aconteça e Dilma volte gloriosamente para a sua cadeira, que sempre foi de direito, e agora novamente de fato, sob os aplausos dos volta Dilma, com foguetório e purpurina.

Sentar-se-á na cadeira e começará o desmonte das maldades de Temer, iniciando pelas portarias, o que dependerá só dela.

Só que portarias têm pouca abrangência: transferência de funcionários e dotações orçamentárias de pequena monta, autorização para despesas extras... As grandes maldades foram feitas através de PL e PEC, o que quer dizer que só poderão ser desmontadas através de novas PL e PEC, mas como, se Dilma só terá 1/5 do Congresso?

Dilma poderia tentar medidas paliativas, mas todas dependentes do Congresso, e a bancada da bala, sabendo que ela vetaria a permissão para a comercialização e porte de armas de fogo, fecharia com ela; a bancada do boi, sabendo que Dilma tentaria derrubar a lei de Temer, permitindo a destruição de 60% das florestas, para implantação de pastos e campos de cultura, fecharia com ela; a bancada da bíblia, já acomodada diante do reconhecimento da união estável entre homo afetivos, fecharia com, ela; Jair Bolsonaro, Heráclito Fortes, Marco Feliciano, Ronaldo Caiado, Agripino Maia, Aécio Neves, cheios do espírito do Senhor, mudariam de comportamento, colaborando com ela.

E aí a vaidade falando mais alto, levando-a a cumprir o mandato até o último dia, sangrando, refém da direita, até o último dia de mandato, acabando de destroçar a esquerda e inviabilizando a vitória de um candidato de esquerda, em 2018.

A outra alternativa, incogitável, pelo que sabemos dela, seria a renúncia, jogando a bomba na mão do Congresso: Rodrigo Maia, o Botafogo, o sucessor natural, eleições indiretas ou diretas.

A opção das diretas iria depender das pesquisas de intenções de votos: se Lula e/ou Ciro Gomes estiverem bem na foto, será descartada, a direita não vai pagar para ver.

Rodrigo Maia iria depender da correlação de forças PSDB-PMDB, restando a opção das indiretas, colocando um tucano ou um PMDBrechtiano, de maneira legal, sem golpe, para continuar o trabalho iniciado por Temer.

A última alternativa seria Dilma chamar eleições, o que só pode ser feito através de PEC, e aí... O Congresso decidiria.

Isso demandaria tempo, meses, tempo bastante para Temer ter destruído o Estado brasileiro, ter vendido o aqüífero Guarany, o PreSal, nossos minérios, com o povo na miséria.

Será que os adeptos do volta mãe Dilma fizeram uma profunda análise de conjuntura, consideraram todas essas variáveis, têm respostas políticas para cada uma delas... Ou só têm convicção: Dilma vai voltar!

No próximo artigo comento a Diretas Já!
Francisco Costa
Rio, 13/02/2017.
Reparem que o texto não é autobiográfico, o que está em discussão é o exposto no texto, que deve ser comentado e discutido, antes que digam que sou um coxinha analfabeto ou roubei o texto na Globo. 

 

Compartilhe:

Última atualização em Ter, 14 de Fevereiro de 2017 02:03
 

Adicionar comentário


Código de segurança
Atualizar

FOTOS DOS ÚLTIMOS EVENTOS

  • mariofoto1_MSF20240207-161Lavagem Funceb. 08.02.24. Alb 2. Foto: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240207-004Lavagem Funceb. 08.02.24. Alb 1. Foto: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240203-083Fuzuê Alb 1. 03.02.2024. Fotos: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240203-101Fuzuê Alb 2. 03.02.2024. Fotos: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240203-255Fuzuê Alb 3. 03.02.2024. Fotos: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240203-292Fuzuê Alb 4. 03.02.2024. Fotos: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240112-0991Beleza Negra do ilê. Alb 1. 13.01.24 By Mario Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240112-1131Beleza Negra do ilê. Alb 2. 13.01.24. By Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240112-1412Beleza Negra do Ilê. Alb 3. 13.01.24 By Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240112-1536Beleza Negra do Ilê. Alb 4. 13.01.24 By Mário Sérgio

Parabéns Aniversariantes do Dia

loader
publicidade

ENSAIOS FOTOGRÁFICOS

GALERIAS DE ARTE

HUMOR

Mais charges...

ENQUETE 1

Qual é o melhor dia para sair a noite?