O Efeito Borboleta e a Petrobras por Filipe Couto |
Cidadania | |||
Qui, 11 de Junho de 2009 22:01 | |||
O matemático
Edward Lorenz, que faleceu ano passado, entrou para a história por
demonstrar como o resultado final de um sistema harmônico ou caótico
depende sensivelmente das condições iniciais de alimentação dos dados.
Popularmente,
demostra-se essa relação pela alegoria do chamado “efeito borboleta”: o
bater de asas de uma borboleta poderia gerar distorções progressivas,
capazes de provocar um tufão do outro lado do mundo.
A despeito do tom exagerado do exemplo acima, é inegável que algumas
medidas simples podem ter impacto revolucionário na nossa forma de
enxergar o mundo.
O novo estilo de comunicação da Petrobras
O
projeto em si guarda a simplicidade típica das ideias geniais: usar uma
plataforma gratuita de distribuição de informações para se comunicar
com o grande público. Segundo a própria empresa, foi a necessidade de
apresentar “fatos e dados recentes da Petrobras e o posicionamento da
empresa sobre as questões relativas à Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI)” que motivou a criação desse espaço virtual. Uma análise da imprensa brasileira
Já é sabido de todos que a qualidade da imprensa brasileira tem caído vertiginosamente nos últimos anos. A reação dos jornalões
Perdendo
o “direito sagrado à edição” e o “direito exclusivo de transmissão da
informação”, os jornalões, pretensos paladinos da justiça republicana,
entraram em desespero. O Globo, A Folha de São Paulo e O Estadão têm
manifestado claramente seu repúdio contra essa decisão da Petrobras nas
suas linhas editoriais. Curiosamente, com isso eles revelam ao leitor
atento e crítico as suas próprias vilezas e limitações. De tudo que a imprensazona tem dito de ruim sobre o Fatos e Dados, a única discussão que me parece um pouco interessante é a levantada pelo jornalista Sérgio Leo, do Valor Econômico, em seu blogue (http://verbeat.org/): e o direito ao furo de reportagem, à matéria exclusiva? Nessa linha argumentativa, com a publicação antecipada das perguntas e respostas, o jornalista pode se sentir desestimulado a consultar a Petrobras como fonte, já que isso alertaria colegas para a pauta que ele está levantando. A consequência natural, segundo o Sérgio, é sempre favorável à Petrobras: ou a matéria será publicada sem checagem, o que diminui sua credibilidade, ou simplesmente não será feita matéria nenhuma. O que o nobre jornalista, no entanto, esquece é que esse argumento tem como pressuposto básico a falta de ética no exercício da profissão: apropriar-se da matéria dos outros é algo hediondo nos meios jornalísticos. Se ele considera que esse tipo de comportamento é possível, então a Petrobras tem mais é que se defender mesmo... O blogue da Petrobras não é um mal para o jornalismo, mas para o tipo de jornalismo que tem sido produzido no Brasil nas últimas décadas. O bom profissional não tem cerceado o seu compromisso de buscar a informação a qualquer custo, nem tem relativizado o seu direito de criticar a estatal ou o de denunciar irregularidades na sua administração. O papel da boa imprensa, o de ser o ouvido e a voz da sociedade, mantém-se íntegro. Que o desespero do senhor Ali Kamel (mestre-guia do jornalismo das organizações globo; aquele mesmo que diz que não há racismo no Brasil) e de seus pares seja só o início da grande tempestade que se anuncia. Artigo publicado originalmente em http://asprimeiraspalavras.blogspot.com/
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Última atualização em Qui, 11 de Junho de 2009 22:10 |
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