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Depois do capitalismo (Geoff Mulgan) e Global Green New Deal (PNUMA) por Geoff Mulgan
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Cidadania
Qua, 01 de Julho de 2009 13:11
A bobagem do "fim do capitalismo" tem uma contrapartida inteligente em ensaio de Geoff Mulgan publicado na edição corrente de "Prospect" (sempre uma boa leitura para quem se interessa por reflexão inovadora). Mulgan, diretor da Young Foundation, faz um convite para se imaginar o que será o capitalismo depois da crise, este período de transição para um mundo em que - por que não? - os mercados estarão enquadrados numa moldura de relações econômicas e sociais muito diferentes destas a que as últimas gerações se habituaram. "A lição que vem do próprio capitalismo é que nada é permanente - ‘Tudo que é sólido desmancha no ar', disse Marx. No interior do capitalismo tanto há forças que lhe minam os fundamentos como as que o levam adiante." Diz ainda Mulgan: "Não estou sugerindo que o capitalismo vai desaparecer [o título de seu artigo, "After capitalism", pode ser entendido como uma provocação irônica]. Economias de mercado complexas e interconectadas continuarão a gerar enormes superávits, alimentados pelo contínuo fluir de novo conhecimento tecnológico. Mas (...) o capitalismo não mais dominará a sociedade e a cultura ao ponto em que o faz hoje. O capitalismo pode, em suma, tornar-se um serviçal, em vez de ser o senhor. Depressões anteriores foram cruéis, mas também lançaram idéias das margens para dentro das correntes dominantes, acelerando seu movimento através dos três estágios que Schopenhauer descreveu como inerentes a todas as novas verdades, que primeiro são ridicularizadas, depois sofrem violenta oposição, e finalmente são tratadas como axiomáticas.

""Essas acomodações periódicas", observa Mulgan, "são tão inerentes ao capitalismo como as crises financeiras - na verdade, é somente através da crise e da reforma institucional que o capitalismo se adapta a um ambiente em transformação e redescobre as referências morais que são tão vitais para os mercados funcionarem bem. A acomodação do final do século 19 veio em resposta ao receio de que se fizesse uma revolução e nos deu a seguridade social, a educação universal, os sindicatos e o sufrágio universal, pondo fim aos ideais do liberalismo daquele século. Uma segunda acomodação veio 50 anos depois, por causa da depressão e da guerra, e tornou variações da democracia social e cristã a norma em todo país rico, fazendo crescer a participação dos Estados no PIB e introduzindo mãos visíveis para guiar a mão invisível do mercado".

E adiante: "As últimas grandes acomodações se deram em torno do Estado, e Estados estão sendo levados a desempenhar papéis muito mais ativos à medida que a recessão avança. Mas algumas das mais importantes garantias de segurança encontram-se além do alcance direto do governo. Nos Estados Unidos, a proporção das pessoas que dizem não ter a quem falar sobre problemas importantes aumentou de 10 para 25% em 20 anos. A biologia e a ciência social contemporâneas confirmaram quanto somos animais sociais - dependentes dos outros para nossa felicidade, nosso auto-respeito, nossa valoração e mesmo nossa vida. Não há contradição inerente entre capitalismo e comunidade. Mas aprendemos que essas conexões não são automáticas: precisam ser cultivadas e recompensadas, e as sociedades que investem grandes proporções de seus superávits em publicidade para persuadir as pessoas de que o consumo individual é o melhor caminho para a felicidade terminam pagando um alto preço.

"O fato de que nossas relações sociais são tão importantes quanto nossa renda pode mudar o modo como políticas são pensadas. O efeito de curto prazo da recessão será que focalizaremos nossa atenção no desestimulante declínio do PIB. Mas a tendência de prazo mais longo se dá em direção a conferir-se menos importância ao PIB do que a outras medidas de êxito social, incluindo o bem-estar. (...) O que também está além do PIB é uma idéia mais pluralista de como as empresas devem ser conduzidas."

(...)
"Um grande espaço político está se abrindo. De imediato, esse espaço está sendo preenchido com raiva, medo e confusão. No longo prazo, poderá ser preenchido com uma nova visão do capitalismo e sua relação com a sociedade e a ecologia, uma visão que tornará mais claro o que queremos e o que não queremos ver em crescimento. No passado, democracias repetidamente dominaram, orientaram e revitalizaram o capitalismo. Impediram a venda de pessoas, de votos, de cargos públicos, de trabalho infantil e de órgãos humanos, e impuseram direitos e regras, ao mesmo tempo que direcionavam recursos para atender às ncessidades do capitalismo em matéria de ciência e capacitações, e foi a partir dessa mistura de conflito e cooperação que o mundo alcançou o extraordinário progresso do último século.

"Para descobrir o que vem em seguida, talvez devamos olhar para cima. As linhas de edificações, no horizonte, servem para o mais simples teste quando se quer saber o que uma sociedade valoriza, e onde seus superávits são controlados. Poucos séculos atrás, as maiores construções nas cidades eram fortes, igrejas e templos; então, durante algum tempo, foi a vez dos palácios. No século 19, prédios públicos, estações de trem e museus os ensombreceram. E então, no final do século 20, em todos os lugares estavam os bancos. Poucos acreditam que continuarão ali. (...) Mas o que virá agora? Precisamos renovar nossa capacidade para imaginar e ver, através da tormenta que ainda está se formando, o que se encontra adiante."

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