O desafio de construir um discurso novo por Luis Nassif |
Cidadania | |||
Qui, 15 de Abril de 2010 10:10 | |||
Ainda não está
claro qual será a proposta do candidato José Serra para ser o pós-Lula.
Há dois
desafios pela frente. O primeiro, apresentar propostas que se
diferenciem do
modelo Lula de governar. O segundo, explicar as críticas anteriores ao
modelo.
O problema maior é que, nos últimos anos, o PSDB deixou
de lado
propostas e programas e enveredou por um caminho de criticar todos os
aspectos
da política econômica de Lula. Nesse período, parte da grande imprensa tornou-se o porta-voz de fato do partido. E o discurso colocado em prática era de defesa do neoliberalismo exacerbado. Como desdizer, agora, o que já foi dito? Vamos a alguns pontos essenciais de discussão: 1. Papel do Estado. Em todo esse período, pulularam as críticas contra o ativismo da política industrial, contra o projeto do pré-sal, contra o fortalecimento das empresas públicas - Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal -, sem a preocupação de diferenciar aparelhamento de Estado de ação de Estado. A crise econômica desmontou esses argumentos. As medidas tomadas e o papel conferido aos bancos públicos foi essencial para reduzir o impacto da crise global no Brasil. Hoje em dia, há um retorno do conceito de política industrial mesmo em países que se converteram na meca do neoliberalismo - como Estados Unidos e Inglaterra. 2. Bolsa Família e salário mínimo. A campanha contra o programa foi intensa. Foi transformado em "Bolsa Esmola". Aliados próximos a Serra - como o ex-governador de Pernambuco Jarbas Vasconcellos e o atual governador Alberto Goldman (através de sua esposa) - deixaram explícitas as críticas contra o Bolsa Família. Hoje em dia, há consenso de que a inclusão social, possibilitada pelos dois programas, permitiu a criação de um novo mercado de consumo popular que está mudando a face de regiões inteiras, além de ter sido elemento fundamental para impedir o aprofundamento da crise. Como desdizer os ataques ao programa? 3. Minha Casa, Minha Vida. No próprio discurso de lançamento de seu nome, Serra chamou o programa habitacional do governo de "estelionato". Quando se conversa com grandes construtoras - como a Odebrecht - fica-se sabendo que só não se constroem mais casas por absoluta falta de mão-de-obra. Ou seja, o programa conseguiu ocupar a capacidade instalada da indústria da construção no país. 4. Política cambial. O grande erro do governo Lula, permitindo a invasão de produtos chineses, asfixiando a indústria de máquinas e equipamentos do país, esmagando as exportações de manufaturados. Mas a posição do Banco Central no período, apoiada por Lula, foi também enaltecida por toda a mídia aliada a Serra. Os principais economistas do PSDB defenderam com unhas e dentes a autonomia do BC e a idéia errônea de que o câmbio é fixado pelo mercado. Serra passou a explicitar uma crítica contra a política - que, antes, nunca teve coragem de formular de maneira aberta, a não ser em ocasiões raras. Mas como convencer seus eleitores de que tudo o que o PSDB disse a respeito da "herança bendita" do BC estava errado? Blog: www.luisnassif.com.br E-mail: Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.
|
Agenda |
Aldeia Nagô |
Capa |