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Os novos humanistas e a nova catequese por Lula Miranda
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Cidadania
Qui, 11 de Outubro de 2012 12:49

Lula_MirandaUma nova "catequese" se faz necessária. É  preciso ter "paciência jesuítica" e explicar,  para assim deixar bem claro a todos os cidadãos brasileiros, um por um, do mais rico ao mais pobre, do mais letrado àquele que ainda dá os passos iniciais nas primeiras letras, que existem hoje, de forma cristalina e inequívoca, duas correntes distintas na política brasileira: os humanistas e os patrimonialistas. E essa velha nova catequese é missão para educadores, jornalistas, escritores, religiosos e de todos os homens e mulheres de bem desse país. Vamos a ela, pois.

Aqueles a que chamo aqui de "humanistas" são indivíduos, que, como indica o próprio conceito, priorizam, em seus pensamentos e ações, o ser humano –  não o patrimônio ou o capital. São aqueles políticos e governantes cujos planos de governo são voltados para criar e pôr em prática políticas públicas voltadas, em primeiro lugar, para cuidar dos homens, das mulheres, das crianças e dos idosos mais carentes da sociedade. Políticas públicas na área da saúde, da educação, da habitação, da cultura - da seguridade, em síntese.

"Patrimonialistas", como também já revela o próprio nome, são os que  dão uma maior ênfase ao direito escritural (de posse) à propriedade em detrimento da fundamental função social desta. Os que mandam a polícia escorraçar, utilizando-se quase sempre de gratuita violência, sem-teto e sem-terra que ocupam propriedades em ruínas nos centros urbanos ou terras devolutas e improdutivas no campo – muitas delas abandonadas pelos seus proprietários ou a serviço da especulação imobiliária. "Patrimonialistas" foram responsáveis pela irreparável vergonha de "Pinheirinho".

Os "patrimonialistas" são os políticos velhos - não exatamente na idade, mas no espírito. Velhos e velhacos. Caducos. Os coronéis (ou seus legítimos herdeiros), os inapropriadamente chamados "liberais"; aqueles que arruínam o patrimônio público em vez de edificá-lo e fortalecê-lo; aqueles que nos vendem a terceirização e a precarização do trabalho como a panaceia que irá curar todos os problemas do capitalismo ou de um (in)certo "custo Brasil". São os mesmos das privatizações, da chamada "privataria"; aqueles que, ladinos, confundem o público com o privado; os que, "exemplarmente", mandam prender o pobre miserável que rouba um frango ou um reles shampoo num supermercado, mas que na calada da noite encomendam habeas corpus  e ordenam a soltura de banqueiros bandidos e dos filhos criminosos da elite.

Para os "humanistas" os gastos sociais são definidos como prioridade absoluta e são considerados "investimento" -  e não propriamente "custo" ou "despesa". Alguns princípios e conceitos da economia são então subvertidos e melhorados por essa nova maneira de ver e pensar o mundo. O abstrato conceito de FELICIDADE torna-se variável a ser mensurada, juntamente com o crescimento do PIB, como elemento indissociável na busca do desenvolvimento dos povos. Para os "humanistas",  existirá déficit da Previdência enquanto existirem idosos que não possuam a mínima renda necessária a uma sobrevivência digna. Para estes,  o retórico e estatístico "déficit habitacional" ganha concretude doída na desumana vergonha de se testemunhar, nas grandes cidades, homens, mulheres, crianças e idosos morando em favelas e no abandono das sarjetas.

É característico do  ideário de determinados partidos políticos e governantes "humanistas", por exemplo,  políticas compensatórias de garantia de uma renda mínima ao cidadão; o acesso à Universidade franqueado aos chamados "filhos da pobreza"; os cartões de passe que integram ônibus, metrô e trem (do tipo "bilhete único" na cidade de São Paulo); escolas como os CEUS (também  em SP) ou os antigos CIEPs (no RJ de Darcy Ribeiro e Leonel Brizola); projetos na área da moradia popular; políticas inclusivas como as das cotas para negros e pobres etc. Já os "patrimonialistas" condenam, com indisfarçável veemência, aquilo que chamam de "bolsa-esmola"; são contrários às cotas;   priorizam a construção de grandes obras viárias (grandes vias marginais, viadutos e pontes), shopping centers;  preconizam o Estado-mínimo e um mercado autorregulador [baseado no ultrapassado conceito da "mão invisível",  do pensador clássico do liberalismo  Adam Smith – portanto, do séc. XVIII].

O leitor certamente já fez a óbvia associação: os "humanistas" estão no campo da "esquerda"; já os "patrimonialistas" representam  o campo da "direita". Sei que até pode lhe parecer uma espécie de "pedagogia da obviedade", que todo o mundo já sabe disso, "cousa e lousa". Você se espantaria em saber que a maioria dos brasileiros ainda não tem plena consciência dessa suposta "obviedade" que  trago aqui à baila; que existem jornalistas, historiadores e intelectuais  que andam pregando por aí que "já não existe mais esse negócio de esquerda e direita". Mas eu lhe asseguro: é de suma importância fazer essa separação e sedimentar/cristalizar esse entendimento na população em geral, essa distinção essencial entre  "patrimonialistas" e "humanistas". Aqueles que servem ao deus mercado (e aos seus próprios interesses) e aos que servem à vida, às pessoas; que buscam o bem-estar comum.

Políticos e governantes de extração  mais humanista, presentes em partidos do campo da chamada esquerda, tais como PT, PCdoB, PSB e PSOL, vem  pouco a pouco mudando o jeito de pensar e governar esse país. A prioridade hoje está, finalmente, centrada nas classes menos abastadas e favorecidas. Assim, lenta e gradualmente, vai-se diminuindo  a enorme dívida social que este país tem para com os seus cidadãos.

É previdente, pois, que relembremos  e que "ressignifiquemos" esses conceitos já tão desgastados pelo tempo e pelo mau uso, e corrompidos por ardilosos sofismas,  por pregadores "malandros".

Espalhe essa boa nova por aí!  Temos todos uma missão a cumprir na construção de um novo Brasil: defender e difundir o ideário desses novos  humanistas, realizar essa nova "catequese". Não podemos retroceder à época dos políticos velhacos, dos coronéis - com sua "caridade" e chibata.

Artigo publicado originalmente em http://www.brasil247.com

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