O poeta Affonso Romano de Sant'Ana e o prêmio Nobel de literatura, o portugues José Saramago, fizeram da cegueira tema para críticas severas à sociedade atual, assentada sobre uma visão reducionista da realidade. Mostraram que há muitos presumidos videntes que são cegos e poucos cegos que são videntes.
Em entrevista à agência alemã Deutsche Welle, Oded Grajew,
um dos mentores do Fórum Social Mundial, conta como a iniciativa surgiu
há dez anos e avalia a repercussão dessa rede de movimentos sociais
sobre a política internacional desde então.
Nos últimos meses, ainda mais do que nas últimas décadas, temos assistido a
uma crescente intolerância dos principais grupos de mídia - Estadão,
Folha, Globo e Abril - e das associações por eles controladas - ANJ, ANER
e Abert - em relação ao debate sobre as comunicações no Brasil.
O
cineasta Silvio Tendler enviou carta ao ministro da Defesa, Nelson
Jobim, defendendo que os envolvidos em crimes de tortura em nome do
Estado Brasileiro devem ser julgados e punidos por seus atos. Tendler
critica a posição do ministro, contrária à punição aos torturadores.
"Este gesto, na prática, resulta em dar proteção a bandidos que
desonraram a farda que vestiam ao torturar, estuprar, roubar,
enriquecer ilicitamente sempre agindo em nome das instituições que
juraram defender. É incompreensível que o nosso futuro democrático seja
posto em risco para acobertar crimes praticados por bandidos", escreve
o cineasta.
Já
que a verdade causa tanto desconforto no Brasil, que se crie logo a
Comissão da Mentira, o instrumento definitivo para "enterrar" (um termo
muito adequado ao caso) qualquer revanchismo, a palavra mais repetida
na imprensa brasileira nos últimos dias.
É
fundamental que o capuz que protegeu o arbítrio seja rasgado pela
democracia. Há um espaço social que se abre. Deixar de ocupá-lo, sob
qualquer pretexto, não é apenas um erro tático, mas uma injustificável
apologia da inércia.
Quem
desembarcasse no Brasil nos últimos dias e não soubesse nada de nossa história,
certamente começaria a assimilar a idéia de que não houve ditadura. Que ela não
matou, não seqüestrou, não torturou barbaramente homens, mulheres, crianças,
religiosos, religiosas. Que não empalou pessoas, que não fez desaparecer seres
humanos, que não cortou cabeças, que não queimou corpos. Que não cultivou o pau
de arara, o choque elétrico, o afogamento, a cadeira do dragão, que não
patrocinou monstros como Carlos Alberto Brilhante Ustra ou Sérgio Paranhos
Fleury.
A
democracia haitiana nasceu há um instante. No seu breve tempo de vida, esta
criatura faminta e doentia não recebeu senão bofetadas. Era uma recém-nascida,
nos dias de festa de 1991, quando foi assassinada pela quartelada do general
Raoul Cedras. Três anos mais tarde, ressuscitou. Depois de haver posto e
retirado tantos ditadores militares, os Estados Unidos retiraram e puseram o
presidente Jean-Bertrand Aristide, que havia sido o primeiro governante eleito
por voto popular em toda a história do Haiti e que tivera a louca ideia de
querer um país menos injusto.
Abaixo reproduzo o discurso do Lula para Davos, lido pelo Amorim. Há partes
que emocionam. O discurso que o presidente Lula não leu em Davos (mas que foi lido pelo
chanceler Celso Amorim), conforme reprodução do Vermelho:
Além do peso estratégico do Chile, o que há de emblemático
na vitória de Piñera é o caráter da coligação triunfante, ironicamente chamada
de Coalizão pela Mudança. Pela primeira vez retornam ao poder forças políticas
que deram sustentação direta às ditaduras militares da América do Sul. Não é
pouca coisa, definitivamente. Tampouco trata-se de fato isolado. Se analisarmos
a cadeia de acontecimentos que marcou o ano passado, encontraremos pistas
evidentes de uma contra-ofensiva da direita latino-americana. O artigo é de
Breno Altman.