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Brasil armou bomba ambiental que vai explodir em tragédias como Petrópolis. Por Leonardo Sakamoto
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Meio Ambiente & Sustentabilidade
Dom, 20 de Fevereiro de 2022 16:44

Leonardo_SakamotoAo comentar a tragédia de Petrópolis, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não chovia forte na região há 90 anos e que, portanto, não havia muito o que fazer para evitar uma catástrofe. Coincidentemente, o seu governo repetiu à exaustão, no ano passado, que a seca que reduziu os reservatórios das hidrelétricas era a pior em 90 anos e que, consequentemente, não havia muito o que fazer.

O discurso de que nada poderia ser feito diante "desastres naturais" é típico de governos que são querem ou não sabem investir em planejamento. Ironicamente, os únicos planos que realmente avançaram na atual gestão foram os de afrouxamento das leis ambientais pelas mãos de deputados e senadores no Congresso (ajudando a esquentar terras públicas roubadas, palco do desmatamento sem controle, por exemplo) e de retalhamento de normas no Ministério do Meio Ambiente.

Sem contar, é claro, o grande projeto de enfraquecer instituições de fiscalização e monitoramento, como o Ibama e o ICMBio.

Ao invés de ajudar a reduzir o impacto da bomba das mudanças climáticas, governo e o parlamento aumentaram seu poder de destruição ao suprimir parte das regras ambientais que nos garantiam alguma proteção. Tudo em nome do lucro fácil da parte anacrônica do agronegócio, do extrativismo, das incorporadoras imobiliárias.

Tragédias como a de Petrópolis, com sua dolorosa quantidade de mortos, desabrigados e desalojados, é o tipo de evento extremo que cientistas têm em mente ao alertar para as mudanças climáticas. As secas que atingiram as cabeceiras dos grandes rios brasileiros e baixaram o nível dos reservatórios também. Tempestades e estiagens sempre ocorreram sem o aquecimento global, a questão é que a frequência delas aumenta com ele. Os registros históricos de chuvas e de secas, citados por governantes, não valem mais porque o clima mudou e isso deveria ser levado em conta no planejamento, se planejamento houvesse.

Ou você acha que a falta de água nos reservatórios das hidrelétricas foi apenas derivada de uma seca sazonal trazida pelo fenômeno La Niña? Ignorando que a vazão dos rios mudou e o país está mais seco (perdemos 15,7% de superfície de água em quase 30 anos, o equivalente a 3,1 milhões de hectares, de acordo com pesquisa do MapBiomas), o governo Bolsonaro fez uma gestão negacionista dos reservatórios e, hoje, estamos com conta de luz nas alturas.

Enquanto isso, deslizamentos de terra que matam milhares de brasileiros vão ocorrer com mais frequência com municípios constatando que as áreas de risco aumentaram não apenas pela ocupação desordenada, mas por mudanças no ciclo pluviométrico.

A morte quase absoluta da política para mudança do clima do Brasil pode ser talvez um dos mais graves defeitos deste governo, e dos mais prejudiciais ao país no longo prazo. E todos os que se debruçam sobre o assunto, de cientistas a organizações da sociedade civil, passando por políticos racionais, técnicos do governo e diplomatas até agropecuaristas, industriais e investidores responsáveis sabem que a reeleição de Jair em 2022 lhe dará um salvo-conduto para aprofundar essa política predatória sobre as regras ambientais e sobre o clima.

É vergonhoso admitir para o mundo, mas grileiros de terra e invasores de territórios indígenas são a base de apoio do presidente do Brasil. Tanto que não é segredo que ele tem abertamente dito a eles que podem ficar tranquilos que seu governo garante a impunidade diante do desmatamento. E empunhando teorias da conspiração sobre a invasão da Amazônia por países estrangeiros, ele traz para o balaio um naco dos militares desconectado da realidade.

O que muitos chamam de inferno é apenas um aperitivo de nosso novo normal. Já adentramos uma nova era de extinção em massa de uma série de espécies no planeta. Talvez menos a nossa. Pois, ao final, os ricos comprarão sua proteção ambiental e herdarão a Terra. E o que restará para a população pobre, como as famílias que estão chorando seus mortos em Petrópolis, no Sul da Bahia, em Minas Gerais e em São Paulo, vidas levadas pela lama e pela falta de planejamento neste verão?

O consolo cínico de que Deus quis assim porque suas mortes não poderiam ter sido evitadas.

Artigo publicado original no UOL

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