O que a presidente não disse por Mauro Santayanna |
Dando o que Falar | |||
Sex, 13 de Março de 2015 01:00 | |||
Em pleno bombardeio institucional - Dilma Roussef foi vaiada em uma feira de construção em São Paulo, apesar de seu governo ter financiado a edificação de dois milhões de casas populares - e às vésperas da realização de manifestações pedindo o impeachment da Presidente da República, sua assessoria preparou um discurso, para a sua estréia em Rede Nacional de Rádio e Televisão, no segundo mandato, rico em lero lero e pobre em informações.
E, isso, conforme, não, o IPTE - como está sendo apelidado o IBGE pelos hitlernautas de plantão nas redes sociais - mas segundo estatísticas da série histórica do site oficial do Banco Mundial. Faltou também dizer que não houve troca de dívida pública externa por interna, já que, no período, a dívida pública líquida caiu de quase 60% do PIB, em 2002, para aproximadamente 35%, agora, depois de ter praticamente duplicado no governo Fernando Henrique, com relação ao final do governo Itamar Franco. Há outros dados que poderiam negar a tese de que o país inviabilizou-se, econômicamente, nos últimos anos, como o aumento do salário mínimo de 50 para mais de 250 dólares em menos de 12 anos, ou a produção de grãos e de automóveis ter praticamente duplicado no período. É claro que o PT cometeu erros graves, como estimular a venda de carros sem garantir a existência de fontes nacionais de combustíveis, gastando bilhões de dólares no exterior na compra de gasolina, quando poderia ter subsidiado, em reais, a venda de etanol nacional no mercado interno, diminuindo a oferta de açucar no mercado internacional, enxugando a disponibilidade e aumentando os ganhos com a exportação do produto. Ou o de dar início a grandes obras de infra-estrutura - de resto absolutamente necessárias - sem se assegurar, antes, por meio de rigoroso planejamento e negociação, que elas não seriam interrompidas dezenas de vezes, como foram. Quem quiser, pode encontrar outros equívocos, que ocorreram nestes anos, e que poderiam ter sido corrigidos com a participação de outros partidos, até mesmo da base "aliada", se sua "colaboração" não se limitasse ao interesse mútuo na época das campanhas eleitorais, e à chantagem e ao jogo de pressões propiciados pelos vícios de um sistema político que precisa ser urgente e efetivamente reformado. Soluções que extrapolem a surrada e permanente promoção de receitas neoliberais que se mostraram abjetas, nefastas e indefensáveis no passado, e a apologia da entrega, direta e indireta, do país e de nossas empresas, aos interesses e ditames estrangeiros. No discurso do governo - súbita e tardiamente levado a reagir, atabalhoadamente, pela pressão das circunstâncias - continua sobrando nhenhenhém e faltando dados, principalmente aqueles que podem ser respaldados com a citação de fontes internacionais, teoricamente acima de qualquer suspeita, do ponto de vista dos "analistas" do "mercado". Isso, quando o seu conteúdo - em benefício, principalmente, do debate - deveria ser exatamente o contrário. Artigo publicado originalmente em http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/172801/O-que-a-presidente-n%C3%A3o-disse.htm
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