O fracasso dos protestos encerra, enfim, o terceiro turno. Por Paulo Nogueira |
Dando o que Falar | |||
Seg, 13 de Abril de 2015 08:01 | |||
O flop sensacional dos protestos de hoje tem um significado essencial: acabou, enfim, o terceiro turno, depois de mais cem dias de governo Dilma.
Foi um final melancólico para os esperançosos de um golpe contra os 54 milhões de votos – um grupo diversificado que vai dos coronéis da mídia até aquela massa ignara formada por analfabetos políticos. Os protestos se esvaziaram de pessoas, e a excentricidade boçal e desinformada foi se acentuando. Um cartaz que viralizou dizia, por exemplo, que sonegação não é corrupção. Outro afirmava que Dilma tinha três opções: renunciar, ser derrubada ou se matar. Malucos mais uma vez pediam um golpe militar em inglês. E o direitista punk do Movimento Brasil Livre, do alto do fiasco do espetáculo que tentou comandar, disse que é preciso meter uma bala na cabeça do PT. Em meio a essas cenas beligerantes, a Globonews, como assinalou um tuiteiro, insistia em destacar o “caráter pacífico e familiar” dos protestos. Numa das melhores tiradas do dia, o tuiteiro escreveu: “A Globonews insiste em dizer que famílias inteiras estão nos protestos. Ora, fodam-se as famílias inteiras.” Pausa para rir. Neste estertor de terceiro turno, não podiam faltar também os números inflados. A PM, depois do célebre milhãofurado da vez anterior, recuou para um pouco mais de 200 mil pessoas na Paulista. O Datafolha foi mais modesto: 92 mil no pico, às 16 horas. Mesmo assim, as imagens de grandes vazios na avenida Paulista deixavam dúvidas quanto à precisão do prognóstico do Datafolha. Um amigo me escreveu: “Como disse Wellington, quem acredita nestes 100 mil acredita em tudo.” Derreteu-se o exército de manipulados que decidiram vestir a camisa da seleção e ir para as ruas. Não deixarão saudade, em sua imensa tolice. Eles demoraram uma eternidade a entender que perderam as eleições, mas agora acordaram para a realidade. Resta Dilma também acordar para o fato de que ela venceu. Não deve haver registro, na República, de um vitorioso em eleições presidenciais com ares tão derrotados. Isso deu margem a que neoudenistas como FHC, Serra e Aécio agissem como napoleões de hospício, e adotassem um ar triunfal em nada compatível com os resultados das urnas. Dilma deveria pegar um calendário que inclua todos os dias que restam até o final de seu segundo mandato. E a cada dia, a cada folha arrancada, verificar se fez todas as tarefas que estão por fazer. Ela tem três anos e nove meses para fazer coisas como o desmame das grandes empresas de mídia, historicamente acostumadas a viver do dinheiro público sob múltiplas formas. Nada é tão imperioso como isso, porque os coronéis da mídia se batem ferozmente contra todos os avanços, como se viu agora no caso da terceirização. Da Globo à Folha e à Abril, as empresas jornalísticas precisam de um choque do capitalismo que pregam para os outros. Fora todas as mamatas públicas, ainda hoje elas vivem protegidas da concorrência estrangeira, o que é simplesmente uma obscenidade. Se o PT aspira a ter futuro depois deste governo, vai ter que enfrentar coisas que preferiu fingir que não via. A hora é essa – com o final do terceiro turno.
Sobre o AutorO jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo. Artigo publicado originalmente em http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-fracasso-dos-protestos-encerra-enfim-o-terceiro-turno-por-paulo-nogueira/
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Última atualização em Sex, 01 de Maio de 2015 02:24 |
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