Meirelles sai, mas só depois que Michel ficar. Por Fernando Brito |
Dando o que Falar | |||
Qui, 27 de Julho de 2017 06:15 | |||
Desculpem os leitores por estar tratando, quase que exclusivamente, de economia, ou do desastre da economia. Mas é, depois do processo do triplex, o tema mais manipulado do noticiário brasileiro e, mesmo quando as coisas são ditas de maneira escandalosa – “contas são as piores em 21 anos”, por exemplo – elas não são ditas com a devida clareza. E ditas com a devida clareza, a meta fiscal, o deus do altar neoliberal que nunca deixou de ser cultuado neste país – foi arrombada. O máximo que se pode dizer é que o Brasil está naquela situação em que, faltando seis rodadas para o fim do campeonato, precisa vencer todas as partidas, acumular 25 gols-bilhão de saldo e ainda torcer por uma combinação que o livre do rebaixamento. Miriam Leitão, como certos comentaristas esportivos, aliás, diz que o “cumprimento da meta fiscal para o ano vai ficando mais complicado”. É como aquela história do “sua mãe subiu no telhado”, a notícia dada aos poucos. E completa, que o resultado veio “acima” dos R$ 15 bi que o mercado – que sabe tudo – estimava. Acima? Veio R$ 4 bilhões acima, num único mês, ou 40% de tudo o que se pretende arrecadar em seis meses com o brutal aumento de imposto nos combustíveis! Para acontecer um milagre, seria preciso, além de reza forte e mudança na política econômica – que surtiria efeito no médio prazo – que houvesse um time coeso, um técnico com ideias novas e um presidente de clube que pudesse pedir confiança e paciência à torcida. Nem é preciso dizer que não temos nada disso. Tudo é movido a pequenas espertezas, como essa de que a Caixa “achou” R$ 1 bilhão em precatórios e, por isso, vai ser possível liberar verbas que seriam cortadas. Como assim, “achou” R$ 1 bilhão? Estava debaixo do forro do armário? Estão cozinhando o galo da crise e só não ver quem não quer. E o mercado não quer ver, porque até agora está trocando dinheiro e sabendo que nada muda até o mata-mata que Michel Temer tem de jogar na Câmara dos Deputados. Aí, sim, ele vai pensar em trocar o “técnico”. Aliás, o “imexível” Meirelles já está sendo ajeitado na marca do pênalti. A não ser que peça as contas antes, o que não é impossível. Artigo publicado originalmente em http://www.tijolaco.com.br/blog/meirelles-sai-mas-so-depois-que-michel-ficar/
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