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Fale General, Fale!!!, por Fernando Horta
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Dando o que Falar
Qui, 20 de Setembro de 2018 10:40

Fernando_HortaAntonio Hamilton Martins Mourão é o vice-general na chapa do “coiso” (#eleNão). Foi chamado pelo general Villas-Boas, comandante do exército, de “gaúchão” e um “soldado exemplar”. O pai de Mourão tem uma longa ficha de serviços prestados aos EUA.

Sufocou a Intentona comunista de 35 e depois foi nominado pela Comissão da Verdade como responsável por condutas deploráveis (crimes?) no trato com os resistentes do golpe de 64.

Na verdade, o sobrenome “Mourão” não se coaduna com “democracia” na história do Brasil. Olímpio Mourão Filho (outro Mourão), ainda como capitão, forjou o “Plano Cohen” para permitir Getúlio instaurar a ditadura do Estado Novo. Segundo este documento, haveria um plano de instauração do comunismo no Brasil, já em 1935. Olímpio Mourão criou uma falsa invasão usando as informações que tinha como oficial do exército, e Vargas usou do pânico criado pelo documento para tomar poderes imperiais do Congresso. Mais tarde, já como general, Olímpio Mourão foi o primeiro general a colocar “as tropas na rua” para o Golpe de 1964.

O Mourão atual, caiu de paraquedas na chapa do ex-capitão do exército, ícone mundialmente conhecido da truculência, misoginia, racismo e ódio aos homossexuais na política brasileira. Era de se esperar que o Mourão atual, seguisse o caminho do sobrenome e continuasse prestando importantes serviços aos Estados Unidos da América. Até porque o ex-capitão fascista já havia batido continência para a bandeira norte-americana e prometido “entregar a Amazônia”, numa das cenas mais patéticas protagonizadas pelo “coiso”.

Seria a chapa perfeita se Mourão se contentasse com a função de vice decorativo. Uma azeitona verde-oliva, ali, a dizer sim, falar em ordem e garantir o apoio da “tropa” ao programa de ódio a quase tudo que é Brasil. Ódio à diversidade. Ódio ao negro. Ódio ao pobre. Ódio à emancipação feminina. Ódio a tudo o que forma e formou o Brasil, menos às cores verde e amarela.

Tudo corria bem, até que Mourão resolveu mostrar que é um verdadeiro brasileiro e que está comprometido em afundar a sua própria chapa.

Talvez Mourão seja, afinal, o militar “melancia”: verde por fora e vermelho por dentro.

Esta é a única tese a que consigo chegar para explicar como um oficial general, que foi formado pelas nossas prestigiadas academias, passou por anos de serviço, fez a famosa Escola Superior de Guerra e é um “soldado exemplar”, possa dizer tanta besteira, idiotia e ignorância em tão pouco tempo.

Cada fala de Mourão beira o crime.

Eu não quero acreditar que este seja o padrão intelectual do “exército de Caxias”. Só me resta imaginar que Mourão tem o firme propósito de afundar a candidatura Bolsonaro.

Na primeira semana, Mourão, sem vergonha ou qualquer indecisão, afirmou que os brasileiros tinham “herdado” a “indolência dos índios” e a “malandragem dos negros”. A frase é muito conhecida da historiografia racista brasileira do século XIX. Nina Rodrigues, Oliveira Viana e outros defendiam o “branqueamento” da população brasileira exatamente para “limpar” a raça destas características negativas que lhe atribuíam. Se estas ideias ainda existem e são difundidas pelas academias militares é caso de intervenção do MEC e do Ministério Público para punir criminalmente não apenas que produz tais discursos, mas quem – em posição de comando – permite que este absurdo seja replicado.

Na semana seguinte, Mourão, com garbo, e do alto de seus vastos conhecimentos de geopolítica e Relações Internacionais, chamou todo o continente africano de “mulambos”. Incluiu também toda a América Latina para criticar a premiada, exitosa e reconhecidamente séria “cooperação sul-sul” da diplomacia de Celso Amorim. Veja-se que a manifestação de Mourão atingiria o próprio Geisel – se vivo – que reconhecidamente foi um dos primeiros presidentes a empurrarem o Brasil para uma relação mais próxima com a África. Não posso imaginar que um general premiado, dito “diferenciado”, desconheça os parâmetros da própria política externa do período militar. Não me convence que Mourão simplesmente não consiga controlar sua ignorância.

No meio disto, Mourão declarou que Bolsonaro estava se “vitimizando” na questão do atentado e tomou conta da chapa presidencial com uma naturalidade de quartel. Quase ordenou que Bolsonaro fosse varrer o pátio e ficasse sem a ceia por mal comportamento. Aos filhos do ex-capitão, Mourão sequer pediu ou perguntou algo. A naturalidade das ordens e das exigências quase emulavam um toque de clarim. Mourão se sente em casa, mandando e tomando decisões dentro da campanha. Pede aos tribunais o que foi negado à Haddad: quer substituir Bolsonaro em tudo. Em tudo mesmo.

A última de Mourão foi, em meio à violenta rejeição das mulheres, declarar que uma casa sem homem é fábrica de desajustados e bandidos. O machismo e preconceito de Mourão não consegue sequer aventar a possibilidade de que, sem um companheiro para compor a renda da família, as mulheres (mães e avós) precisam trabalhar e sustentar os núcleos familiares sozinhas. Ao invés de perceber o quanto estas mulheres lutam pelo melhor para seus filhos, o vice-general, que nunca soube o que é trabalhar na vida civil, criminaliza as mulheres. A empatia e o senso de oportunidade do vice-general são dignos de nota. Especialmente vindo de alguém que, faça chuva ou faça sol, tem seu “soldo” todos os meses depositado, indiferente se ordene um ou duzentos soldados a varrerem o pátio.

É impossível acreditar que gastamos mais de 81 bilhões de reais com defesa (dados de 2015) para termos uma tropa comandada por um General com a capacidade social e analítica de um “jumento de carga”. Alguém cujo conhecimento e respeito pelo país o leva a dizer que somos frutos de malandragem e indolência. Um “oficial general” que demonstra desconhecer completamente as relações internacionais contemporâneas e mesmo a história dos ditadores militares no Brasil. Não consigo conceber que o país investiu anos (e investirá até que esta criatura encontre o Criador) de atenção em recursos para formar um oficial que no seu posto máximo sequer consegue compreender o papel das mulheres na nossa sociedade.

Diante disto, concluo pela alta capacidade do general. Concluo pela sua indiscutível inteligência e preparo. Daí, se descortina o real intuito do general: ele quer destruir a candidatura Bolsonaro e salvar o Brasil do fascismo! Será o primeiro Mourão a lutar (ainda que como infiltrado) ao lado da democracia. Em janeiro, veremos Mourão abraçado em Haddad ou Ciro comemorando a vitória sobre o fascismo, talvez até cantando com lágrimas nos olhos “Bella Ciao”!!!

Assim eu digo, fale, General, fale mais. Fale muito! Siga o seu plano secreto e prometo não contar nada para ninguém.

Artigo publicado originalmente em https://jornalggn.com.br/blog/fernando-horta/fale-general-fale-por-fernando-horta

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