Gurgel, no STF: o engavetador das causas tucanas? por Luiz Carlos Azenha |
Dando o que Falar | |||
Sex, 10 de Janeiro de 2014 13:44 | |||
O livro Operação Banqueiro, do repórter Rubens Valente, que está chegando nesta sexta-feira às livrarias, é uma bomba atômica de efeito retardado. Apesar da relutância da mídia brasileira em investigar a fundo os tucanos — pelo menos com furor equivalente ao dedicado ao PT –, o livro vem compor um quebra-cabeças pacientemente montado graças, acima de tudo, a iniciativas individuais. Começando pelos relatos de Aloysio Biondi sobre as privatizações, passando pelo mensalão tucano e a Lista de Furnas, chegando à Privataria Tucana e ao propinoduto da Siemens e da Alstom, finalmente emerge o cenário da atuação do PSDB naquela esquina onde a política se encontra com os grandes negócios, se hoje em dia é possível discernir entre os dois. Pelo acúmulo de informações no mínimo contrangedoras para Daniel Dantas, dono do Opportunity, o livro de Rubens Valente pode ser visto como um petardo contra o banqueiro. Mais que isso, no entanto, é um raio xis dos bastidores da política brasileira. Se, de um lado, reforça parte do conteúdo do best seller A Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro Jr., de outro demonstra que alguns petistas se entregaram a Dantas tanto quanto, anteriormente, outros já haviam se entregue ao publicitário Marcos Valério, “herdado” de um esquema originalmente montado pelo PSDB. O poder corrompe. A certa altura, Valente faz uma série de perguntas, a partir do conteúdo de mensagens que a Polícia Federal apreendeu na casa do lobista Roberto Amaral, contratado pelo banqueiro:
Andrea Matarazzo, um tucano de alta plumagem, nas últimas décadas atuou em todas as esferas do Executivo e hoje é vereador em São Paulo. A lista com os residentes no Brasil que estariam impedidos legalmente de serem cotistas do Opportunity Fund nas ilhas Cayman nunca foi divulgada. Poderia incriminar políticos ou apenas ameaçava os negócios de Daniel Dantas? As iniciais DL que aparecem depois do número três provavelmente se referem a dólares — duvido que sejam apenas 3 dólares. As perguntas que Rubens Valente não conseguiu responder completamente dão uma pista do quanto o repórter avançou durante as investigações que fez ou acompanhou. Quem tinha a obrigação legal de respondê-las? O próprio autor diz:
Em outras palavras, se faltava um prego no caixão da credibilidade de Roberto Gurgel, Rubens Valente acaba de providenciá-lo: o procurador ficou quatro anos sentado sobre as provas e depois se aposentou. O livro também traz embutido um prego dedicado a Gilmar Mendes, o ministro do Supremo Tribunal Federal. Em novembro de 2001 Daniel Dantas escreveu uma mensagem ao lobista Amaral pouco depois de se encontrar com o então presidente Fernando Henrique Cardoso.
Numa outra mensagem, também escrita por Dantas mas para outro destinatário, ficou claro que o Gilmar a que se referia o banqueiro era mesmo o agora ministro do STF:
Em 2008*, Daniel Dantas recebeu de Mendes dois habeas corpus em tempo recorde depois da Operação Satiagraha, na qual foi preso acusado entre outras coisas de tentar corromper policiais federais. É preciso dizer mais alguma coisa? O livro de Rubens Valente deixou aberta, para outros repórteres investigativos, a estrada que conduz aos detalhes das relações nebulosas entre Dantas e os barões da mídia brasileira. Faltou explicar, por exemplo, como é que o banqueiro conseguiu a dedicação de uma repórter da Folha de S. Paulo à tarefa que poderia ser descrita como “assassinato de caráter” de uma juíza carioca que tomou decisões contrárias aos interesses do banqueiro. Valente trata do assunto de forma geral, mas sem aprofundá-lo. De qualquer forma, o conjunto da obra é imperdível. Operação Banqueiro é lançamento da Geração Editorial, com a qual este site não tem e nunca teve qualquer envolvimento comercial. Artigo publicado originalmente em http://www.viomundo.com.br/denuncias/rubens-valente-banqueiro-tinha-bomba-atomica-contra-psdb-e-apostou-na-ascensao-de-gilmar-mendes.html
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