Salvador, 09 de May de 2024
Acesse aqui:                
Banner
facebookorkuttwitteremail
Quando o mal não é percebido e o bem se atrasa, por Rui Daher
Ajustar fonte Aumentar Smaller Font
Dando o que Falar
Qui, 09 de Outubro de 2014 03:58

Rui_DaherEstranhando o quê? Fosse Jean Wyllys (PSOL) candidato em São Paulo, e não no Rio de Janeiro, teria sido eleito deputado federal?

“As identidades políticas são o resultado da articulação – ou seja, da tensão – das lógicas opostas da equivalência e da diferença, e o simples fato de que o equilíbrio entre essas lógicas seja rompido pelo predomínio, além de certo ponto, de um dos dois polos é suficiente para fazer com que o ‘povo’ se desintegre como ator político”.
Creio que esse trecho do livro “A Razão Populista” (Editora Três Estrelas, São Paulo, 2013), do cientista político argentino Ernesto Laclau (1935-2014), poderá iluminar o entendimento sobre a forma como os paulistas, ao contrário de outras regiões do Brasil, procedem em suas escolhas eleitorais.
A gênese conservadora de Piratininga nasceu com a oligarquia rural dos barões do café, seguiu o rito de passagem para a burguesia industrial, mostrou-se explícita como braço civil do golpe militar de 1964 e, daí em diante, não parou mais, concedendo raros intervalos progressistas nos momentos em que o acordo conservador falhava na concessão das benesses de que a elite acredita merecedora.
Lembremos que isso ocorreu e se mantém, justamente, na região mais industrializada do País, onde se formou na efervescência dos chãos de fábricas, expressivos contingentes operários e representações sindicais, a partir da década de 1970, distantes do peleguismo até então vigente.
O avistado por Laclau mostra que, em São Paulo, o rompimento desse equilíbrio pelo predomínio de um desses polos, desde o suicídio de Getúlio Vargas, fez desintegrar o ‘povo’ como ator político, e agora por 60 anos serve como reprodutor do pensamento antitransformador.
Assim, na votação de domingo passado, não se deve estranhar a relação dos políticos eleitos.
São Paulo não tem ‘povo’ como entidade transformadora, mas o ethos do conservadorismo, dos padrões de moralidade, das vestes bem alinhadas, do respeito aos doutores. Nos de cima, a consideração ao camarada abaixo vai até o respeito deste a seu devido lugar. Estes, se a ordem vier com um sorriso, reconhecem a deificação dos méritos de quem chegou lá.
Até aí, é o de sempre. Aécio, Alckmin, Telhada, Tiririca, Russomano, todos justificados à direita. Como o estão os resultados das pesquisas sobre aborto, legalidade de drogas, usos de armas, maioridade penal, casamentos homoafetivos.
Só um ponto é difícil entender.
Houve tempos no Brasil, em muitos países ainda há, em que políticos se mantinham nos cargos por seus atos de seriedade, honestidade, posições na contramão da turba, presença simbólica em atos desaprovados pelos poderes constituídos, padrões éticos demonstrados a cada momento, e até pelo bom humor que traziam à sociedade.
Eram reeleitos por serem do bem e recebiam votos de quem acredita no bem, não importando o partido a que pertenciam ou o tempo em que permaneciam no cargo. Suas qualidades eram reconhecidas intrínsecas.
Em São Paulo, essa evidência deveria se acentuar, sobretudo, quando alguém com tal perfil e passado concorre com políticos capazes de traições, até dentro do próprio partido, perseguições a jornalistas forçando suas demissões, desorientações para fora dos trilhos urbanos, invenções de factoides que poderiam ser cantadas por João Gilberto, e demonstrações de ódio a cada olhar, a cada contrariedade em frequentes derrotas.
Nem Ernesto Laclau, ao analisar gêneses e preconceitos dos processos políticos e dar ao povo centralidade neles, seria capaz de entender a eleição do representante paulista no Senado brasileiro.
Lembro principalmente aos eleitores que derrotaram Eduardo Suplicy nas urnas das três maiores cidades do ABC paulista que ele esteve nas portas das fábricas em que vocês trabalhavam quando das frequentes demissões em massa promovidas pela indústria automobilística, tão protegida ultimamente, e que os futuros ventos neoliberais de suas preferências farão, novamente, baterem às suas portas.
Playing for Change: "A Better Man"

Compartilhe:

 

FOTOS DOS ÚLTIMOS EVENTOS

  • mariofoto1_MSF20240207-122Lavagem Funceb. 08.02.24. Alb 2. Foto: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240207-036Lavagem Funceb. 08.02.24. Alb 1. Foto: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240203-008Fuzuê Alb 1. 03.02.2024. Fotos: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240203-167Fuzuê Alb 2. 03.02.2024. Fotos: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240203-244Fuzuê Alb 3. 03.02.2024. Fotos: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240203-374Fuzuê Alb 4. 03.02.2024. Fotos: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240112-0954Beleza Negra do ilê. Alb 1. 13.01.24 By Mario Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240112-1076Beleza Negra do ilê. Alb 2. 13.01.24. By Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240112-1333Beleza Negra do Ilê. Alb 3. 13.01.24 By Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240112-1567Beleza Negra do Ilê. Alb 4. 13.01.24 By Mário Sérgio

Parabéns Aniversariantes do Dia

loader
publicidade

ENSAIOS FOTOGRÁFICOS

GALERIAS DE ARTE

HUMOR

  • Impeachement_1
  • Categoria: Charges
Mais charges...

ENQUETE 1

Qual é o melhor dia para sair a noite?