A mulher do juiz da Lava Jato por Paulo Nogueira |
Dando o que Falar | |||
Sáb, 06 de Dezembro de 2014 13:37 | |||
A mulher do juiz do Lava Jato, soube-se ontem, tem ligações com o PSDB no Paraná. Rosângela Moro é advogada, e presta serviços para o vice-governador Flávio Arns. São atividades meritórias, aliás: estão associadas a atividades em prol de pessoas com deficiência. Mas há um vínculo, e isto é notícia. Não, é claro, para as grandes empresas de mídia, interessadas em fazer de Moro um novo Joaquim Barbosa. Quanto a conexão pode configurar conflito de interesses? Os vazamentos seletivos que pouparam o PSDB poderiam ter sido influenciados por simpatias partidárias? Num mundo menos imperfeito, questões como estas seriam debatidas agora profundidade pela mídia. Mas não: como os vazamentos da Lava Jato, também a investigação jornalística é seletiva, bem como a indignação – não raro simulada — de colunistas e editores. Flávio Arns pertence a um governo engraçado sob muitos aspectos. O governador Beto Richa, para empregar uma expressão da moda, cometeu um estelionato eleitoral quando se elegeu, em 2010. Ele acusou na campanha o então governador Roberto Requião de nepotismo por dar cargos no secretariado à mulher e a um irmão. Richa fez exatamente o mesmo que condenara. Quer dizer: em sua visão, não. Numa entrevista, um jornalista cobrou de Richa a nomeação da mulher e de um irmão. A resposta de Richa, eternizada num vídeo, pertence ao anedotário político não apenas regional, mas nacional. Richa disse que, uma vez que sua mulher é rica, indicá-la não é nepotismo. Nepotismo, na definição de Richa, é coisa para pobre. Richa tem fama, como Aécio em Minas, de cercar a mídia crítica. Uma de suas vítimas, segundo ela mesma narra, foi a jornalista local Joice Hasselman, hoje na tevê do site da Veja. No Paraná, Joice investia contra o PSDB e Richa com a mesma fúria com que bate hoje no PT e em Dilma. Em seu epílogo no Paraná, ela prometeu apresentar documentos que comprovariam propinas na gestão Richa. Não apresentou, e isto foi bastante para que comentassem que ela parecia ter adquirido o hábito de ameaçar antecipadamente divulgar bombas e depois esquecer o assunto, sabe-se lá por quê. É neste ambiente peculiar que a mulher de Moro circula, com sua assessoria jurídica ao vice de Richa. Você pode fazer tudo com essa informação. Só não pode fingir que ela não existe. Sobre o Autor O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo. Artigo publicado originalmente em http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-mulher-do-juiz-do-lava-jato/
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