Equilibrar desenvolvimento com a qualidade do ar é um dos desafios da contemporaneidade, principalmente com a crescente poluição atmosférica causadas por fatores como queimadas, atividade industrial não sustentável e uso de combustíveis fósseis, como gasolina e diesel. Esse panorama foi discutido durante o “II Workshop de Qualidade do Ar - Cidades Inteligentes e Sustentáveis”, que contou com a participação de Eduardo Fontoura, gerente da área de Gerenciamento Ambiental da Cetrel. O evento online pode ser visto na íntegra no YouTube.

O primeiro a falar, no segundo dia do workshop, Fontoura, que também é professor nos cursos de especialização em Gestão e Auditoria Ambiental, destacou que a poluição atmosférica deve ser encarada como um problema de saúde pública e que o primeiro passo para sua solução é o monitoramento, já que a poluição do ar é responsável pela morte de milhares de pessoas no mundo. De acordo com o relatório “Dados do Saúde Brasil 2018”, do Ministério da Saúde, o número de mortos em decorrência da poluição do ar no país saltou de 38.782, em 2006, para 44.228 mortes, em 2016.

Além disso, o especialista afirmou que o monitoramento de emissão de partículas em grandes centros urbanos, como Salvador e Rio de Janeiro, é condição básica para o estabelecimento de políticas públicas para o controle e melhorias da qualidade do ar e, consequentemente, da qualidade de vida da população. Ele citou que a Cetrel vem desenvolvendo trabalhos nestas capitais, contribuindo para o desenvolvimento de políticas mais efetivas no tocante à poluição do ar.

“A Cetrel foi a responsável pela implementação de toda a rede de monitoramento do Rio de Janeiro, com 21 estações”, afirmou ele, acrescentando que a empresa, que atua analisando a qualidade do ar também em Salvador e no Porto de Aratu, é a responsável pela gestão ambiental de todo o Polo Industrial de Camaçari, que é o maior complexo do hemisfério sul, com mais de 60 unidades industriais.

“Conhecendo os dados de monitoramento do ar é possível determinar o grau de controle e os recursos necessários para mitigar os impactos da poluição do ar no meio ambiente e na saúde humana”, afirmou Fontoura, citando algumas das medidas que podem ser adotadas, como rodízio de veículos, ordenamento de controle do tráfego nas áreas mais críticas, programa de inspeção veicular, políticas de uso e ocupação do solo, intensificação/implantação de transportes públicos de massa não poluentes, a exemplo de metrô e ônibus elétricos, e substituição da matriz energética.

Legislação

Fontoura ainda falou sobre algumas mudanças na legislação que contribuem para melhorar a qualidade do ar, como as diretrizes do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) 418/ 2009, que criou o Plano de Controle de Poluição Veicular (PCPV) para estados e municípios.

“A poluição do ar, nas grandes cidades, tem como principal causa os emissores veiculares e, como a frota de automóveis tende a aumentar a cada ano, este problema só se agrava”, enfatiza ele, informando que os ônibus são um dos agentes responsáveis por liberar, na atmosfera, material particulado fino, devido à queima de diesel, e que essa substância é nociva para a saúde. “Uma das soluções é priorizar o uso de biocombustível, reduzindo a utilização de combustível fóssil”, salienta.

Outro ponto importante, destacado pelo gerente da área de Gerenciamento Ambiental da Cetrel, foi a resolução Conama 491/18. A norma estabelece padrões nacionais como parte estratégica do Programa de Controle da Qualidade do Ar (Pronar), tendo como base os valores recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

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