"A pandemia acentua ainda mais o racismo no Brasil ao matar mais negros e vacinar mais brancos', diz Marta no Dia Internacional de Luta Pela Eliminação da Discriminação Racial*

Neste domingo (21), Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, a vereadora Marta Rodrigues (PT) alerta para a urgência do combate ao racismo por todas esferas públicas e privadas para retomar o desenvolvimento econômico e social no país, onde a  pandemia escancara a ausência de políticas para as pessoas negras, maior parcela populacional do e a mais, tanto no número de mortes, quanto na demora para a vacinação contra a Covid19.

“È preciso ter o entendimento de todos que querem progresso social de que o racismo no Brasil é um projeto de genocídio em continuidade no atual governo que sempre afetará o desenvolvimento social e econômico do país, acentuará a pobreza, indo na contramão da democracia. No grave momento que vivemos o auxílio emergencial e a vacina são fundamentais pra amenizar as desigualdades raciais”, declarou a petista, presidenta da Comissão de Direitos Humanos e Democracia Makota Valdina, do legislativo soteropolitano.

Marta cita a pesquisa exclusiva publicada pela Agência Pública  que contabilizou até 14 março 8,5 milhões de vacinados no Brasil, sendo q 3,2 milhões de vacinados autodeclarados brancos e apenas 1,7 milhão de negras e negros.  Um dos motivos apontados pela pesquisa para maior vacinação na população autodeclarada branca é o fato de que ela tem maior expectativa de vida.

“A população branca está sendo vacinada mais rapidamente porque  a maioria dos idosos no  país são brancos. A expectativa de vida da população negra, segundo o IBGE , é em média até 60 anos, o que já expõe o racismo no país. O Plano Nacional de Imunização segue o critério de vulnerabilidade por idade. No entanto, todas as estatísticas mostram que a taxa de  mortalidade pela covid-19 no Brasil é maior  entre negros que brancos”, diz.

Isso porque, continua a petista, a população negra, dada a histórica carência de acesso à saúde de qualidade, é a mais acometida de comorbidades que agravam a Covid19, como hipertensão, diabete, dentre outras. “A estratégia de vacinação no país, além de estratificar por idade, por profissão, também deveria se guiar por outros critérios, como regional e a taxa de mortalidade conforme apontam diversos cientistas. Entre os grupos prioritários, é preciso também estabelecer prioridades, pois o idoso branco é diferente do idoso negro, e isso se reflete nas taxas de mortalidade”, pontua.

De acordo com o levantamento da Pública, em todos os grupos de faixas etárias há menos negros vacinados que brancos — entre pessoas acima de 60 anos que foram vacinadas, há o dobro de brancas que negras.

“Pesquisadores nos apontam que a população negra que chega a mais de 90 anos é menor que a população branca [na mesma faixa etária]. Além da dificuldade de obter saúde de qualidade, os negros tem expectativa de  vida menor por diversas causas externas e pela morte da juventude negra”.

A vereadora ressalta, ainda, outro fator quer tem sido debatido entre pesquisadores. “Precisamos discutir o entendimento de grupo prioritário. Exemplo disso é a exclusão de terceirizados de hospitais, do setor de limpeza e de segurança, na primeira etapa, priorizando médicos que sequer estavam na linha de frente. O povo negro tem mais dificuldade de acesso aos pontos de vacinação, como é o caso também das comunidades tradicionais e quilombolas. O racismo, se não combatido, tende a aumentar e acentuar as mazelas”, destaca.