No cenário atual em que o distanciamento faz parte do cotidiano, 16 crianças de 03 a 10 anos e 06 artistas receberam em suas casas uma caixinha com objetos para montar uma obra de arte, estreitando laços nesse momento tão sensível de nossas vidas. Essa é a premissa do projeto Cartas D’Água, uma iniciativa da Casa Rosa, em parceria com Claudia Mascarenhas/podcast Papo de Criança e com as artistas Selma Maria e Helena Kuasne. Com obras inéditas, a Exposição Cartas D’Água será lançada 05 de junho de 2021, Dia Mundial do Meio Ambiente, com a Vernissage Virtual, às 17h, no canal https://www.youtube.com/channel/UCLHeC7sNSgCdSB1dkC_HgLg

Inspirado no projeto Malas do Nada, da artista Selma Maria, que monta pequenas exposições feitas a partir de elementos encontrados na natureza, Cartas D´Agua, surgiu do desejo de incluir as diversas infâncias e a participação infantil na pauta cultural. Segundo Selma, “Eu e a artista Hellena Kuasne criamos 4 Malas de Nada com os elementos da natureza, uma mala de água, de terra, de fogo, de ar. Claudia Mascarenhas e Rose Lima quando viram estas malas, vieram conversar comigo sobre essa exposição que traz caixinhas ao invés de malas, que são na verdade malinhas de nada, com o imaginário das crianças grandes e pequenas.”

Além de Selma Maria e Hellena Kuasne, foram convidados para participar da exposição Artur Arraz, um artista de 15 anos que também é ator e dá a voz e suas características ao personagem AUTS, Lia Gonzalez, que traz a paixão pelo bordado em suas obras, Léo Furtado, miniaturista há mais de 20 anos, e Lara Robatto, trabalha com pinturas em murais e de ilustrações em aquarela, todos juntos com as crianças estão descobrindo seu olhar artístico sobre o mundo neste momento. Para Hellena, “Estar em volta de crianças é um mar de criatividade e explosões de ideias. Minha expectativa de participar dessa exposição com crianças fazendo arte nas caixinhas é a de poder visitar todos esses diferentes mares, marés e mansidões. ”

Como as correntezas que ligam as águas do planeta, a Exposição Cartas D’Água navegou por muitos lugares, não só conectando pessoas, mas também unindo saberes diversos. O percurso começa em São Paulo, onde Selma Maria e Hellena Kuasne montam as caixinhas com os objetos para a obra de arte. Ao chegar em Salvador, diretamente na Casa Rosa, são distribuídas para as 16 crianças que recebem aquela encomenda com surpresa e alegria, iniciando, assim, o processo criativo das obras que resultará na Exposição, que vai alcançar o mundo através da internet. Para Rose Lima, consultora cultural da Casa Rosa, “O projeto tem o desejo de refletir sobre a comunicação entre todos, sobre o que nos distancia e o que nos aproxima, e também nos faz meditar sobre o meio ambiente que nos envolve, que nos atravessa... a água, o ar, a natureza.”

A exposição trará essa singularidade de olhares dessas diversas infâncias, que segundo Claudia Mascarenhas, criadora do podcast Papo de Criança, “Não existe a infância, existem as infâncias, porque todos os atributos, todas as circunstancias de vida, todo o contexto, toda dimensão cultural precisa estar ligada a nossa concepção de infância e que, portanto, não é uma só. Acho a exposição traz esse cruzamento, essa intersecção do que há de mais singular e o que há de mais lindo na diversidade das infâncias. “

As crianças tiveram a total liberdade de criação, deixando florescer seu lado artístico e criativo. Neste processo, cabe aos pais apenas assessorar na produção. Caetano Bezerra, pai de Joana e Laura, 9 anos, as Melaninas Sapiência, confirma isso, “Me impressionou o desejo de autonomia delas. Tentava sugerir ideias, mas sempre me lembravam das regras enviadas via cartinha: “Pai, a obra não pode ter ajuda de adultos. As ideias são nossas”.” Para o pai de Mino, Andrezão Simões, “Ofertar criatividade e fantasia em um cenário de confinamento, entristecimento e impossibilidades tem nos convidado a uma superação pela arte. Neste processo do Cartas D’água destaco desde o convite inclusivo, envolvente e amoroso, esse chamado para o seu fazer criativo.”

A Caixinha traz diversos objetos para a criação das obras, como: escamas de peixe, vidrinho com corante, cordões de lã, papéis ondas coloridos, papel prata, pedrinha em formato e desenho de peixe, baleia de papel e adesivos coloridos em formato de bolinhas. As Melaninas Sapiência usaram toda criatividade para construção de suas obras, segundo Laura, “Eu adorei muito fazer as caixinhas, e o que eu mais gostei foi que minha criatividade foi a mil, eu pensei em uma coisa, depois pensei em outra, depois eu juntei essas coisas e ficou muito legal, eu adorei participar.” Já nosso pequeno artista Mino, 4 anos, “Eu gosto mais daquela parte do tapa-olho, das escamas de peixe, gostei de tudo.” Cada criança recebeu uma cartinha, escrita por Cláudia, convidando para participar da exposição e o livro “ABC da Água”, de Selma Maria e a ilustradora Nina Anderson, para inspirar através de verbetes poéticos o fazer artístico de quem receber as caixinhas.

A Exposição Cartas D’Água vai levar o público a navegar nas ondas criativas de nossos pequenos artistas, que são: Xandinho, 5 anos, Joaquim, 6 anos, Artur, 6 anos, Isabel, Alice, 5 anos, Lara, 6 anos, Dara, 5 anos, Yumi, 8 anos, Valentina, 8 anos, João, 7 anos, Liz, 3 anos, Chico, 7 anos, Joana e Laura, Melaninas Sapiência, 9 anos, Mino, 4 anos e Lucas, 9 anos. Acompanharão nossos pequenos os artistas: Selma Maria, Hellena Kuasne, Artur Arraz, Lara Robatto, Lia Gonzalez e Léo Furtado.

Artistas:

Selma Maria - Sou Mestra em letras ocultas, especialista em “selmântica das palavras” e criadora de gambiarras. Também sou escritora, atriz, artista visual, educadora, pesquisadora de brinquedos e curadora de exposições com os temas literatura, brinquedos e infâncias. Gosto mesmo de me apresentar assim: Me apresentei em vários eventos culturais em alguns países, como por exemplo, a Feira do Livro de Porto Alegre, Flip- Paraty, Circuito Sesc de Artes, Flima, Fli- Araxá, Fólio- Óbidos, Portugal e Língua de Herança na Espanha, Áustria e Alemanha. Escrevi mais de 20 livros que foram ganhadores de editais de incentivo à leitura como PNBE, PNLD, PNAIC, Itaú- Criança., PROC. Dois livros já entraram no catálogo FNLIJ da Feira do Livro de Bolonha em 2010 e 2020. Sou uma das criadoras da web-série “Perambular e Brincar” com realização do Sesc- SP. Coleciono e crio vários brinquedos e minha casa parece um museu, pois está lotada deles. Meu site é www.selmamaria.com e lá você pode conhecer mais do meu trabalho.

Hellena Kuasne é artista visual, figurinista e cenógrafa. Sua pesquisa transita nas áreas de figurino, dança, espaço, desenho e corpo. Criadora e estilista da marca de roupa sem gênero Meninê. Trabalha como assistente da artista plástica Cinthia Marcelle desde 2016. É diretora de arte na Exposição Perambular, realizada pelo SESC SP em 2019 e 2020. Ministra oficinas de figurino e desenho para o SESC. Formou-se em 2016 na SP Escola de Teatro no curso de cenografia e figurino.

Artur Arraz Barreto é um artista de 15 anos muito atento e criativo. Adora desenhos animados e sonha em um dia fazer seu próprio filme. Ele também é ator e dá a voz e suas características ao personagem AUTS. Sendo autodidata, consegue também reproduzir músicas que gosta no teclado eletrônico que ganhou do avô. Ele adora sons e personagens diferentes. Happy Feet e Procurando Nemo são seus preferidos pois se identifica com os personagens principais. Por causa disso, algumas cenas desses filmes são geralmente reproduzidas por ele e no quadrinho em que ele pintou, representa a parte em que Nemo é capiturado por um mergulhador numa rede.

Leo Furtado é soteropolitano e miniaturista há mais de 20 anos. Utilizando conhecimentos do desenho técnico industrial paralelo a sua observação e vivência, ele cria e reproduz ambientes e cenários em miniaturas realísticas. Maquetes, dioramas, Roomboxes, mini cenários são opções do seu trabalho que são utilizados em propagandas, cenários para filmes, decoração e solicitados por colecionadores. Membro de vários Clubes de Miniaturistas nacionais e internacionais também teve seus trabalhos publicados em 11 edições da Revista Europeia Miniaturas Construcción & Colecionismo. Participou de várias exposições e workshops nacionais de miniaturismo, como a Exposição Palácio Rio Branco  - Mundo Paralelo - 2016. Entre seus trabalhos estão: Assinou a direção de arte e cenografia do premiado filme baiano de animação (Stop motion), Òrun Àiyé a criação do Mundo – 2017; Assinou a cenografia do Curta Animação em 3D, Corações Encouraçados – 2019; Participou do Projeto Cowparade Salvador Bahia Brasil 2019; e Restauração da maquete do Museu do Castelo da Torre de Garcia D Ávila  - 2021.

Lia Gonzalez tem como paixão os bordados que herdou da mãe. Há 10 anos descobriu o bordado, primeiro, como terapia, depois, o que seria até então um hobby, passou à sua principal atividade, participando de feiras de artesanato e bazares da cidade. Seu trabalho vai do vestuário a peças de decoração, usando elementos e aviamentos do artesanato brasileiro, destacando cenas do cotidiano de cidades do interior, seus costumes, relações de afeto, religião e fé. Sempre com muita brasilidade, a artista prioriza a diversidade cultural e sua ligação com o genuíno, as raízes, tendo como base suas observações habituais, dentro de uma visão prosaica, estabelecendo assim, as características do seu trabalho.

Lara Robatto - Aprendi a ser artista com minha família, especialmente com a minha bisavó que era pintora e professora. Desde então, as múltiplas linguagens das artes me fascinam, mas hoje vivo de pinturas em murais e de ilustrações em aquarela sob encomenda.

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