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Teatro e Literatura - Edições Sesc SP lançam “Ligeiro Deslocamento do Real”, de Andrea Caruso Saturtino
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Qui, 27 de Janeiro de 2022 00:44

Ligeiro_Deslocamento_do_ReaL_de_Andrea_Caruso_SaturtinoPesquisadora, artista, curadora e produtora de teatro, atualmente à frente da administração do Theatro Municipal de São Paulo, Andrea Caruso Saturnino é a autora de novo livro das Edições Sesc SP, Ligeiro deslocamento do real.  Compreendendo que a arte carrega em si a capacidade de iluminar perspectivas não palpáveis da realidade,  Andrea mergulha em  montagens contemporâneas e tece uma análise das novas formas de fazer teatro em diálogo com a complexa conjuntura social atual.

Neste momento de incertezas e questionamento de valores, o teatro tem incorporado discussões sobre questões atuais, ao mesmo tempo em que inova sua linguagem, propiciando diferentes formas de interação com o público. Assim, esta obra propõe uma investigação das novas formas do fazer teatral e sua relação com as grandes transformações e novos contextos de realidade social, política e cultural que estamos experimentando. Desse modo, seu foco não são os textos dramatúrgicos, e sim as montagens teatrais que ganham os palcos com linguagens contemporâneas, pois para a autora “interessa pensar o teatro hoje em termos de sua constituição, na construção da cena a partir dos processos de tradução do mundo que adota” e “o momento-espaço em que há o encontro do público com o trabalho do artista”.

Para realizar sua pesquisa, Andrea recorreu a um cuidadoso recorte do espectro internacional, garantindo que todos os grupos escolhidos já tenham se apresentado no Brasil, o que também lhe permite discorrer sobre a recepção destas produções e seus desdobramentos no debate a que se propõe.

Buscando classificar as principais tendências recorrentes detectadas, o livro é dividido em três seções, com a primeira dedicada ao que a autora denomina “utopia”, baseada no entendimento da produção de conhecimento em artes como uma constante renovação de linguagem. Para isso a autora recorre a trabalhos da  encenadora espanhola Angélica Liddell (¿Qué haré yo con esta espada?) e do compositor alemão Heiner Goebbels (Stifters Dinge). Vale destacar que os dois espetáculos possuem formas bastantes distintas de apresentação. Liddell faz uso de um elenco de 19 pessoas, mas se coloca como voz central – quase como num monólogo –, deixando os demais artistas numa função, conforme afirma a própria autora, de quase manequins. Em Stifters Dinge, Goebbels, por sua vez, opta por uma montagem em que atores ou performers dividem o protagonismo com objetos, movimentações cenográficas e mesmo espaços vazios.

Na seção Compartilhamento de Experiência Andrea aborda a proposição de ‘teatro do real’, que promove a interação com o público por meio de um fato social da contemporaneidade. Isso ocorre por meio da referência à peça Testigo de las ruinas, dos irmãos Rolf e Heidi Abderhalden, que integram a  companhia Mapa Teatro, de Bogotá. O espetáculo aborda a violência dos processos de renovação urbana na América Latina, tendo como ponto de partida de narrativa, e de cenografia, um antigo bairro da capital colombiana, o Cartucho, destruído para a construção do parque Tercer Milenio. A obra consegue levar o bairro para o palco com o uso de diversos dispositivos cênicos, estabelecendo uma aproximação vigorosa sem que haja o deslocamento do público para a situação in loco, artifício bastante utilizado nos últimos tempos.

A seção final do livro trata do uso de dispositivos e da ausência da figura do ator em cena, com deslocamento do eixo central dos espetáculos para o público. Nesta parte, são analisados Pendente de Voto, do catalão Roger Bernat, e Situations Rooms, do coletivo alemão Rimini Protokoll. Tem-se, com estes, algo que se assemelha a um jogo, com suas regras e suportes, com destino dependente do público. De acordo com a autora, também se faz notável, nesta proposta cênica, o uso de tablets e controles remoto como objetivos indissociáveis à realização.

ANDREA CARUSO SATURTINO

Graduada em Letras pela UFMG, mestre em Artes Performáticas pela Universidade Sorbonne Nouvelle e doutora em Artes Cênicas pela USP. Iniciou sua carreira no teatro como atriz e diretora, e posteriormente migrou para o outro lado da cena, dedicando-se à pesquisa teórica, à cura- doria, à produção e à gestão cultural. Criou e realizou a circulação de diversos espetáculos nacionais e internacionais, além de orga- nizar encontros, intercâmbios artísticos e projetos transdiscipli- nares como o Multitude e o Living Theatre, presente! É fundadora e diretora da Performas, produtora internacional responsável pela apresentação no Brasil de grandes artistas da cena teatral con- temporânea, como Angélica Liddell, Mapa Teatro, Roger Bernat, Robert Lepage, Wajdi Mouawad e Finzi Pasca. Concebeu o Brasil Cena Aberta, associação que dirige e é voltada à difusão das artes cênicas brasileiras em âmbito internacional, fomentando a capa- citação de artistas, técnicos e produtores e promovendo mostras, residências, intercâmbios e coproduções. É autora de artigos sobre a criação e a recepção de espetáculos de teatro contemporâneo.

SOBRE AS EDIÇÕES SESC SÃO PAULO

Pautadas pelos conceitos de educação permanente e acesso à cultura, as Edições Sesc São Paulo publicam livros em diversas áreas do conhecimento e em diálogo com a programação do Sesc. A editora apresenta um catálogo variado, voltado à preservação e à difusão de conteúdos sobre os múltiplos aspectos da contemporaneidade.

Ficha Técnica:


Ligeiro deslocamento do real: experiência, dispositivo e utopia na cena contemporânea

Autora: Andrea Caruso Saturtino

Edições Sesc São Paulo, 2021

Número de páginas: 232

ISBN: 978-65-86111-40-8

Preço de capa: R$ 73,00

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