O cantor e compositor XAUIM lança nesta sexta-feira (11) o mais novo single da carreira, Madeira. A faixa, que estará disponível em todas as plataformas digitais, faz uma crítica ao processo de exploração continuada nas Américas, desde o regime colonial, com a escravização do povo negro e genocídio dos indígenas, até a recente ascensão da extrema-direita do Brasil aos Estados Unidos.

“Tem sangue no ouro de Trump/ Tem sangue na prata de Potosí/ Tem sangue no olho de quem já cansou de servir”, diz um verso do single, o primeiro de uma série que o artista lançará ainda neste primeiro semestre. A produção musical da faixa é de Átila Santana e o arranjo conta com a percussão de Ícaro Sá.

Madeira chama atenção para o projeto continuado de exploração no continente, que permite a constituição de poucos bilionários interessados em visitar novos planetas a custo da miséria de bilhões de pessoas ao redor do mundo.

“Séculos se passaram e em pleno 2021 a gente tem o caso de um ministro do meio ambiente envolvido em um caso de contrabando de madeira. Uma piada pronta para a história da colonização do Brasil que começou com a extração de pau-brasil”, comenta o artista, que não se furtou a abordar os recentes acontecimentos políticos do país na letra. “Negam a vacina fazendo o chachê/ Povo faminto vivendo na xêpa/ Pega o ministro ladrão de madeira/ E desce a madeira”.

A ideia da madeira foi nuclear desde o início da composição, por isso, nomeia a faixa. “ A madeira faz a gente pensar tanto este saque sistemático da riqueza de um país, já que esta foi a matéria-prima primeira, motivo de um deslocamento continental e de um genocídio brutal; quanto na reação violenta de um povo cansado de ser oprimido. Na Bahia, falar em descer a madeira, é falar em porrada”, explica Xauim.

Ao longo dessa semana, o cantor e compositor publica no Instagram @xauim pequenas pílulas audiovisuais do novo trabalho, cuja imagem de capa é uma fotografia do seu trabalho como fotógrafo @matheusl8, ensaio que teve fotografia premiada no concurso internacional Sony World Photography Awards.

Na foto escolhida como capa do single, um homem negro carrega outra pessoa, que pode ser um amigo, um familiar, um semelhante ferido pelo sistema. O sangue no olho é consequência desse peso. Além disso, há uma analogia visual com a cruz, que é de madeira.

“A fotografia é anterior à composição, mas no processo de finalização da faixa, eu percebi esse diálogo forte porque essa música olha para uma cultura violenta de um povo, como fruto de um “subdesenvolvimento” construído. Apontar que a origem dessa violência é o processo de exploração, a concentração riqueza e o extorquir histórico. Logo, essa violência é o produto desse saque, um cansaço”, finaliza o artista.

Primeiro teaser do lançamento aqui

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