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O mundo se abrasileirou. Por Gustavo Conde
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Cidadania
Sáb, 04 de Abril de 2020 19:18
Gustavo_CondeO mundo se abrasileirou. O Ocidente acusou a China de omitir dados porque é ele, Ocidente, que é especialista em omitir dados e mascarar estatísticas. É como o PSDB fazia com o PT. Comprou votos para aprovar a emenda da reeleição em 1997 e acusou o PT de comprar votos (para quê mesmo?) na fraude narrativa do mensalão em 2004.

Disseram - elite, PSDB, classe média, bolsonaristas, economistas, jornalistas - que o PT destruiu o Brasil.

Agora vemos o Brasil à beira da catástrofe humanitária, sem qualquer reação digna da imprensa ou da opinião pública.

Estão todos assustados, confusos e com medo de morrer.

Enquanto isso, o governo mente descaradamente para uma sociedade assustada - cognitivamente atrofiada pela precarização da informação e pelo ódio à democracia inoculado no trabalhador pelos patrões egocêntricos.

O Brasil vai esfarelando. Primeiro foram as instituições, depois a democracia, depois os programas sociais, depois a CLT, depois a Previdência e, agora, sem intermediários, as vidas humanas.

Convém não esquecer que o genocídio do povo negro, o genocídio do povo indígena e o genocídio do povo LGBTQ já vinham - e vêm - ocorrendo de maneira sistemática e devidamente estimulada por nosso genocida-presidente.

Nessa colossal subnotificação sobre casos e mortes de coronavírus, bem ao sabor de um governo que tem a mentira como traço estrutural de seu modus operandi, vamos assistindo garimpeiros se aproveitando do momento para invadir reservas indígenas e fazendeiros bolsonaristas voltando a tocar fogo na Amazônia.

Quem vai se preocupar com desmatamento e invasão de terra em plena pandemia?

O Brasil segue amargando sua maldição por ter debochado da preservação da vida humana que era a marca dos governos democráticos e populares arrancados à fórceps pelos maus perdedores de sempre.

Os crimes-catástrofes da Samarco, da Vale - que aniquilaram a vida em dois rios inteiros em Minas Gerais - anunciavam o que estaria por vir, sendo que a maior catástrofe subsequente atendeu pelo nome de Bolsonaro, o agente agressor altamente letal que devasta nossas vidas, nossa história e nossa sanidade.

Tudo isso ainda sob a perplexidade de quem jamais esperou enfrentar de fato uma epidemia mortal que ameaça deixar um rastro colossal de destruição em um país já destruído social e economicamente.

A overdose de fake news a que o brasileiro foi exposto nos grupos de WhatsApp, nos arrancaram a referência básica da confiança no que se vê.

A foto do cemitério de Vila Formosa, com covas sendo cavadas em massa para dar conta das mortes certas que virão foi tratada por Bolsonaro como terrorismo, senha expressa para que se a acuse de "fake news".

A maneira como a sociedade brasileira vai tratando a pandemia, com extrema passividade e conformismo - traço estrutural da nossa desagregação social histórica - pode ainda produzir aberrações narrativas como aquela que colocará Bolsonaro na condição de líder contra o coronavírus.

É isso que se gesta no Gabinete do Ódio: dividendos político-eleitorais para a sequência dos processos de perpetuação no poder.

Essa crise gigantesca vai deixando lições. A primeira delas é como o ser humano dá pouco valor à vida de seu outro e a sua própria - nessa ordem.

Um país sem soberania fatalmente iria sofrer mais diante de um coquetel assassino composto por vírus, milicianos, genocidas, fake news e sentimento de impotência acumulado.

O Brasil está oficialmente extinto enquanto país. As cores da nossa ex-bandeira estão contaminadas pelas mãos imundas dos fascistas. As ruas já estavam contaminadas antes de o vírus chegar, com a degradação humana dos manifestoches, embalados na camisa nojenta da seleção brasileira de futebol, símbolo putrefato de corrupção explícita aliando cartolagem vagabunda a emissoras de televisão acumuladoras de ódio.

Que, pelo menos, tenhamos o direito de deixar o testemunho escrito desse sentimento de indignação profunda diante de tantas atrocidades juntas e enunciar o fracasso da humanidade que desdenha de seu futuro como desdenha de seu presente.

Dizem que o ser humano "se adapta". É uma bênção e uma maldição. Adaptar-se a ambientes hostis é uma coisa. Adaptar-se à própria desumanidade suicida é outra.

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